quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Razão

Olá, amigos da UG!

Encontrei um antigo blog meu que eu perdi a senha faz tempo.
Achei uns textos até que legalzinhos no meio de muitas torbices... Alguns até me deu saudade da pessoa que eu era.
Se quiserem, deêm uma olhadinha lá: http://semprepaula.blogspot.com/

Gostei um pouquinho desse texto:

Razão

"Cada medo sem sentido, cada coisa sem razão, cada sono que persegue, é razão.Cada caco de vidro, cada memória traiçoeira, cada raiz quadrada em regras de pontuação, cada sentimento lépido e griz de melancolia profunda, cada certeza de nada, cada razão sem razão. É razão?Ou são razões?Cada amor, cada paixão platônica, cada machucado na unha, cada estrela cor de amora no céu, cada som de automóvel sem farol, cada sentimento de culpa por existir, é razão.Cada razão sem razão, é razão. Cada gato preto e sem pé, cada pé sem gato preto sem gato, cada alucinação de moscas, cada matéria e cada espírito de porco, cada sangue e cada rosário, cada religioso e cada ateu, cada música e cada baixaria, cada poeta ébrio na esquina de cada lado de cada quarteirão de cada planeta com e sem vida. Cada mente sã e sem razão é razão sem razão.A própria razão é razão sem razão.Cada fantasia fora do lugar, cada pessoa fora do lugar, cada mente fora do lugar.Uma garota pífia fora do lugar, e várias letras fora do lugar, e tanta inspiração sem inspiração clamando pela razão sem razão.E cada corte com sangues invisíveis, e tantos anjos bigorrilhas voando em terra de maléficos, cada sonho onírico e cada sonho utópico sem órbita nem direção laçada em pensamentos. E tudo espaça em forma de razão sem sentido algum e obviedades já traumatizada precisando robustecer-se.Cada cheiro de suores de flores queimadas por álcool de cerveja cintilante. Em cada saco sem fundo e momentos sem movimentos. Cada membro amputado por cada deputado dilacerado por razões sem razão.Cada razão benévola, cada razão neutra, cada razão sobrenatural, cada razão maltrapilha, cada razão poluída, cada razão pornográfica, cada razão cristalina, cada razão escura e retinta, cada razão dadaísta, cada razão segura, cada razão tímida mas travessa, cada razão colorida e cada razão branca e preta, cada razão imparcial.Razões imorais e razões amorais: A razão é a palavra da razão.Em cada labirinto manchado por vômitos e franzidas por poemas de poetas mortos e heróis inexistentes. Em cada alguém de cada ninguém. Sempre na razão de quem não tem, se ninguém tem.Cada razão perpétua....A razão não tem razão, só razão".

(Paula Cicolin, Janeiro de 2006)

Um abraço!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

Papai Noel existe?

Será que papai-noel existe?
Para responder a esta cruel indagação que tem nos acompanhado durante anos, temos os seguintes fatos:
Existem no mundo cerca de 2 bilhões de crianças ( i.e., pessoas com idade entre 0 e 18 anos) no mundo. PORÉM, dado que Papai Noel não tem sua crença entre as crianças muçulmanas, hindus, judias e budistas (para não falar de um sem-número de outras religiões não cristas), temos nosso universo reduzido para 15% deste total, isto é, 378 milhões de pessoas, segundo o US Population Reference Bureau. Supondo que há uma media de 3,5 crianças por lar (segundo o último censo), nós temos 91,8 milhões de lares.
Podemos supor, sem medo de errar, que pelo menos uma criança por lar acredita em papai noel. Devido aos diferentes fusos horários e à rotação da terra, Papai Noel tem 31 horas, no dia de natal, para executar seu trabalho, supondo que ele viaja de leste para oeste (o que seria mais lógico) Isto nos dá 822,6 visitas por segundo. Resumindo, para os que não conseguiram acompanhar nosso raciocínio, para cada lar cristão, com uma criança que crê em Papai Noel, ele tem aproximadamente 1/1000 segundos para: estacionar, pular a cerca ou o muro, escalar a casa, descer pela chaminé (quando for o caso), encher as meias das crianças, eventualmente comer alguma coisinha, depois subir pela chaminé (pressupondo que ele a utilizou para entrar) pegar o seu trenó e partir para a casa seguinte. Supondo, para simplificar, que os 91,8 milhões de lares são uniformemente divididos no globo (isto não corresponde a verdade, mas o cálculo exato levaria a horas de simulação) isto nos dá 1,25 quilômetros por lar a visitar, totalizando uma viagem de 120 milhões de quilômetros.
Isto quer dizer que o trenó de papai noel se desloca a uma velocidade de mais de 1000 quilômetros por segundo, ou seja, 3000 vezes a velocidade do som. A titulo de comparação, o veiculo mais rápido jamais construído pelo homem, a sonda espacial Ulisses, tem uma velocidade de míseros 44 quilômetros por segundo. vale sempre lembrar que uma rena normal consegue alcançar a velocidade de 25 quilômetros POR HORA!.
A carga do Trenó pode fornecer também pistas importantes a nossa investigação. Supondo que cada criança ganhará uma caixa media de LEGO (marca registrada), o peso útil da carga do trenó seria de 321 300 toneladas!. Isto sem contar o próprio Papai Noel, invariavelmente descrito como obeso. Uma rena normal (que não voa) pode puxar mais ou menos 150 quilos. Mesmo supondo que uma " rena voadora " possa puxar DEZ VEZES esta carga, papai noel não poderia se contentar com apenas 8 ou 9 renas voadoras: seriam necessárias 214 200 renas voadoras. Com isto aumentamos a carga, sem contar o peso do treno, para 353 430 toneladas. Mais uma vez, a titulo de comparação, este numero representa 4 vezes o peso do navio Queen Elizabeth.
Ainda, 353 000 toneladas viajando a mais de 1000 quilômetros por hora implica numa enorme resistência do ar - isto queimaria as renas voadoras da mesma maneira que queima um foguete quando da reentrada na atmosfera. Deste modo as duas renas da frente deveriam absorver uma energia de 14,3 quintilhoes de joules, por segundo, cada uma. Logo elas se evaporariam em chamas, quase que instantaneamente. As renas seguintes teriam o mesmo destino. Isto tudo provocaria um ruído supersônico ensurdecedor. O desaparecimento total de todas s renas levaria apenas 4,26 milésimos de segundo. Durante este tempo, papai noel seria submetido a uma forca centrifuga de 17500,06 G. Um Papai Noel de 125 quilos (obeso) seria colado ao fundo de seu trenó por uma forca equivalente de 2 157 507 quilos.
CONCLUSÃO: Papai Noel não existe, e se um dia tivesse existido, teria virado carvãozinho. C.Q.D.

Esse mexicanos são uns loucos ou...

Ou alguém andou fugindo lá daquela escola do Harry Potter?

http://www.reporternet.jor.br/bruxa-voa-no-ceu-do-mexico

Vejam isso!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


"Compro, logo existo"

Templo de culto à mercadoria, o modelo do shopping center, como o conhecemos hoje, nasceu nos Estados Unidos na década de 1950. São espaços privados, objetivamente planejados para a supremacia da ação de comprar. O que se compra nesses centros, contudo, é muito mais do que mercadoria, serviços, alimentação e lazer. Compra-se distinção social, sensação de segurança e ilusão de felicidade e liberdade.

O shopping center é um centro de comércio que se completa com alimentação (normalmente do tipo fast food), serviços (bancos, cabeleireiros, correios, academias de ginástica, consultórios médicos, escolas) e lazer (jogos eletrônicos, cinema, Internet). Ali o consumidor de mercadorias se mistura com o consumidor de serviços e de diversão, sentindo-se protegido e moderno. Fugindo de aspectos negativos dos centros das cidades e da busca conjunta de soluções para eles, os shopping centers vendem a imagem de serem locais com uma melhor “qualidade de vida” por possuírem ruas cobertas, iluminadas, limpas e seguras: praças, fontes, boulevares recriados; cinemas e atrações prontas e relativamente fáceis de serem adquiridas – ao menos para os que podem pagar. É como se o “mundo de fora”, a vida real, não lhes dissesse respeito...

O que essa catedral das mercadorias pretende é criar um espaço urbano ideal, concentrando várias opções de consumo e consagrando-se como “ponto de encontro” para uma população seleta de seres “semiformados”, incompletos, que aceitam fenômenos historicamente construídos como se fizessem parte do curso da natureza. O imaginário que se impõe é o da plenitude da vida pelo consumo. Nesses espaços, podemos ocupar-nos apenas dos nossos desejos – aguçados com as inúmeras possibilidades disponíveis de aquisição. Prevalece a idéia do “compro, logo existo”.

Concluímos que esse mundo de sonhos que é o shopping center acaba reforçando nas pessoas uma visão individualista da vida, onde os valores propagados são todos relacionados às necessidades e aos desejos individuais – “eu quero, eu posso, eu compro”. Assim, colabora para uma deterioração do ser social e o retardamento do projeto de emancipação de seres mais conscientes, autônomos, prontos para a sociabilidade coletiva – que exige a capacidade da troca desinteressada, da tolerância, da relação verdadeiramente humana entre o eu e o outro, entre iguais e entre diferentes. Compreendemos que um ser social emancipado identifica as necessidades individuais com as da coletividade, sem colocá-las em campos opostos.

O shopping center híbrido representa hoje o principal lugar da “sociedade de consumo”, contribuindo para a sacralização do modo de vida consumista e alienado, um modo de vida em que há uma evidente predominância de símbolos como status, poder, distinção, jovialidade, virilidade etc. sobre a utilidade das mercadorias. O que se pode concluir é que o sucesso da fórmula atual do shopping center híbrido como lugar privilegiado para a realização da lógica consumista traz consigo o fracasso da plenitude do ser social, distanciando-o de qualquer projeto de emancipação e de humanização do ser humano. Como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade [1902–1987] no poema Eu, etiqueta: “Já não me convém o título de homem./ Meu nome novo é coisa./ Eu sou a coisa, coisamente.”

(Adaptado de PADILHA, Valquíria. A sociologia vai ao shopping center. Ciência Hoje, mai. 2007, p. 30–35.)
"Dá uma sacada no mundo ao teu redor, Stock. Não existe mais rebeldia, bicho! Não existe mais rock n' roll, Jimi Hendrix morreu, John Lennon foi assassindo e meu filho quer ser economista."

(Wood e Stock)

domingo, 16 de dezembro de 2007

Bortolotto

Tô doente e meu humor não anda bom. Então, insone e rabugento, resolvo assistir o Programa do Jô. É claro que meu humor não vai melhorar.

Então vejamos. O Jô Soares entrevistou a Mel Lisboa. Pelo pouco que conheço, gosto dela. É uma garota tranqüila. Participou da montagem de um texto meu no Rio de Janeiro. Uma montagem feita na base da brodagem, sem grana, etc. Mas na entrevista ela não falou muita coisa. A Fernanda D'Umbra escreveu um post no blog dela (com link aqui) falando sobre o fato das atrizes não serem exatamente levadas a sério em uma entrevista.

Vendo a entrevista da Mel, tenho que concordar com a Fernanda. O Jô só ficava falando o quanto ela era bonita e querendo saber sobre as fotos da Playboy. Na real, não conheço intimamente a garota e não sei se ela tinha algo realmente importante a dizer, mas o que eu sei é que o entrevistador não ajudou em nada. Assim fica difícil. Quero ver a hora que uma atriz tiver a manha de dizer algo do tipo: “Ok, você já falou como eu sou bonita. Agora que tal me fazer alguma pergunta decente?”

Mas isso é típico do Jô. Quando vai um rockeiro lá, ele só fica querendo saber das tatuagens do cara ou do corte de cabelo excêntrico. Acho que o cara também tinha que ter a manha de dizer: “Tá legal, cara. Agora que tal a gente falar um pouco da minha música?” Desse jeito fica difícil.

Mas voltando a entrevista da Mel, ela disse que suas fotos na Playboy foram inspiradas na interpretação que Ornella Mutti fez da personagem Cass no filme Crônica do Amor Louco baseado na literatura de Charles Bukowski. Ela não disse exatamente tudo isso. Eu que tô dizendo.

Mas, enfim, não é isso que eu quero falar. O que acontece é que aí o Jô colocou uma cena do filme no telão e demorou pra reconhecer o filme. Sei lá, acho que o ponto dele tava dormindo. O que eu acredito é que quanto mais o sujeito ganha dinheiro, menos tempo ele vai tendo pra procurar se informar. Porra, o filme é um clássico. Pra mim, é a mesma coisa que passar uma cena de Gene Kelly dançando com o Guarda-Chuva e o figura não reconhecer de que filme se trata. Desculpa aí.

E aí ele entrevistou o Celso Frateschi (nosso secretário de Cultura). Eu não sou exatamente o mó entusiasta do trabalho que o Celso vem fazendo na Secretaria, mas o Jô podia ter deixado o cara falar um pouco. Parece que o Jô tava perturbado com um patrocínio que ele perdeu, sei lá. E aí chamou o Secretário e ficou monologando. Chato pra caralho.

E não esquecer que antes o Jô fez questão de dizer que a Maria Adelaide Amaral tinha dito que o Celso era um excelente ator. Na boa, o Jô devia ir mais ao teatro. O Celso é realmente um excelente ator, mas já tá há um tempão na estrada. Como é que um cara que se diz tão informado quanto o Jô nunca viu um trampo do Celso? E olha que o cara ainda faz TV de vez em quando. Será que o Frateschi tem que mandar um video book com o trabalho dele pro programa do Jô?

E aí ele entrevistou um cara que escreveu um livro sobre o Elvis Presley. No final, Mr. Jô fez questão de fazer sua análise sobre o trabalho de ator de Elvis deixando claro que o Rei do Rock como ator era muito ruim. Mas não conseguia falar nenhum nome de filme que o Elvis fez. E na hora que passou o trechinho de um no infalível telão, era justamente um filminho bobo (Girls, Girls, Girls), com Elvis dançando com uma garota, me parece que mais numas de mostrar o quanto o apresentador estava certo. Porra, sabe que eu não acho o Elvis realmente um grande ator.

Mas o cara tinha carisma. Com um pouco mais de trabalho e fazendo os filmes certos eu acho que o Elvis levava jeito. Os primeiros filmes são bem legais. Jô não conseguia lembrar de nenhum. Acho que ele só viu a fase do Hawaii que é tudo a mesma merda. Bem, então lá vai, vou fazer o trabalho que o ponto do Jô devia ter feito: Love Me Tender, Loving You, Jailhouse Rock e o ótimo King Creole, com direção de Michael "Casablanca" Curtiz. Ainda teve o bom Flaming Star, citado pelo escritor no programa do Jô e logo repudiado pelo apresentador.

E o mais engraçado é ver que essa análise é feita justamente por um cara que apresenta um programa de entrevistas mas fala mais que o entrevistado. É comediante, mas não tem a menor graça. Alguém ri daquelas piadas que ele conta no começo do programa? Diz que é artista plástico (caramba). Escreve uns livros ruins pra cacete. E aí, Mirisola, quando é que você vai falar da literatura do Jô? Esquece o Chico Buarque um pouco e redireciona sua artilharia. O cara tá merecendo. Daqui há pouco ele também ganha algum premio que devia ser seu. Toca trompete, mas convenhamos, toca mal pra caralho. Só mesmo contratando uma banda pra tocar com ele.

Lembro de uma entrevista com o João Donato e o Jô insistindo que o João tocava um determinado instrumento (não me lembro se era sax). O João, grande músico que é e em sua simplicidade retrucou: "Não, Jô. Eu não toco, não. Quer dizer, toco assim, como você toca trompete. Nada sério". O clima de constrangimento foi um show à parte. Não é por nada não, mas tá difícil assistir o programa do cara.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Definição do píncaro do desespero

Para que serve a vida e o que vou fazer com ela? Não posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que desejo. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. Mas por que eu quero? Quero sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. Mas sou terrivelmente limitada. Contudo, não sou incapaz, cega e estúpida. Tenho muita vida pela frente, mas inexplicavelmente sinto-me triste e fraca. No fundo, talvez se possa localizar tal sentimento em meu desagrado por ter que escolher entre tantas alternativas. As pessoas são felizes --- se isso quer dizer contentar-se com seu quinhão: sentir-se confortável como o pino redondo complacente que se insere num orifício circular, sem arestas incômodas ou dolorosas --- sem lugar para reflexões e questionamentos. Não me contento! Pois meu quinhão é limitador, como o dedo de todo mundo. As pessoas se contentam; acabam por se dedicar a uma idéia; as pessoas “se encontram”. Mas o próprio contentamento que vem de você se encontrar é obscurecido pela constatação de que, ao fazê-lo, não só se admite ser esquisita, mas um tipo específico de esquisita.

(Sylvia Plath - Julho de 1953)

A união civil entre pessoas do mesmo sexo

Sem a menor dúvida, e com urgência, a união civil entre pessoas do mesmo sexo deve ser reconhecida por lei. É preconceito inescrupuloso privar homossexuais de qualquer que seja a lei que é vigente ao heterossexual, pois, independente da escolha sexual, todos somos cidadãos, e, portanto, devemos usufruir exatamente dos mesmos direitos e deveres.
Todos os argumentos não favoráveis a essa legalização são infundados, pois se fundamentam em premissas que estão intrínsecas apenas ao vigente conservadorismo misoneísta que insiste em tarjar como patologia o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, que é uma ocorrência genuinamente natural.
O conservador discursa que, se o casal homossexual adotar uma criança, a mesma poderia desenvolver problemas no desenvolvimento psicológico. Em primeiro lugar, isso não é verdade, a psicologia garante que se os papéis masculinos e femininos estiverem bem definidos, independente se o casal for do mesmo sexo ou não, a criança tem todas as condições de desenvolver-se equilibradamente. Mas, em segundo lugar, mesmo que isso trouxesse algum problema para a criança, o que é absolutamente uma inverdade, então deveriam também existir leis para proibir qualquer tipo de união entre casais que poderiam dar uma educação ineficiente ao filho, como, por exemplo, uma lei que proibisse a união entre casais em que um dos integrantes fosse alcoólatra.
Há ainda os argumentos que adoção de crianças por casais do mesmo sexo faria aumentar o número de gays na sociedade. Além de esse pensamento seguir uma linha errônea, pois, se fosse real nenhum casal heterossexual produziria filhos homossexuais, o que testemunhamos que não é o que acontece, isso demonstra que há homofobia, porque, mesmo que fosse verdade e que isso ocorresse, não haveria razão para tal temor da ocorrência. Que problema traria para a sociedade o aumento do número dos homossexuais?
Todos os discursos contra a legalização dessa lei demonstram apenas homofobia e misoneísmo. Independente de se investir na tentativa, infelizmente utópica, de eliminar a homofobia e o conservadorismo que rege a sociedade, é preciso reconhecer, com o máximo de urgência possível, que, independente da escolha sexual, é preciso dar ao cidadão todo e qualquer direito que ele mereça.
"A vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que coisa? Um homem tão sério metido nessas malandragens."

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

domingo, 9 de dezembro de 2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Quando era criança, minha mãe me ensinou a respeitar os limites dos outros. Eu aprendi por conta própria a desrespeitar os meus. No colégio eu era sempre um dos melhores alunos da classe até passar a desconfiar do que me ensinavam por lá. Então passei a ser apenas o cara que tirava a nota exata pra não reprovar. As pessoas se esqueceram de mim e eu conseguia me manter discreto e me dar ao luxo de não pensar mais neles. Eu cresci e percebi que todas as pessoas bem sucedidas estavam dispostas e abertas a negociações. Então entendi que jamais jantaria no mesmo restaurante que eles. Minhas opções e convicções me transformaram num sujeito triste na maior parte do tempo. Então decidi que não ia tentar persuadir mais ninguém. Fico apenas desse lado da janela olhando as pessoas dançando felizes do lado de lá. Viro as costas para elas com a certeza de que o lado de cá pode até não ser o mais divertido, mas é o lado que escolhi estar. E a possibilidade de escolher não é pra qualquer um.

Bortolotto

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Beirando com proparoxítonas

Aproveitando a lógica
De forma sempre rápida
Marchando em passos rígidos
Cantando como um bêbado

Errante feito um pássaro
Gigante feito um príncipe
Sonhando como um tímido
Chegou a ser um Cônego

de hora em hora o sbt informa o resultado parcial da telesena

Silvio Santos incentiva o pagamento em dia do seu carnê!

6.1. Todos os clientes portadores do carnê de mercadorias do Baú da Felicidade e aqueles que vierem a adquiri-lo no período da promoção, que tenham pago pelo menos a segunda prestação e que estejam em dia com as demais, poderão participar desta promoção[...]


"Vidro moído ou areia no café da manhã e um sorriso nos
lábios
Ensopadinho de pedra no almoço e jantar e um sorriso
nos lábios
O sangue, o roubo, a morte, um nego em cada jornal e
um sorriso nos lábios
Noventa e cinco sorrisos suando na condução e um
sorriso nos lábios...
Mas sonha que passa
Ou toma cachaça
Agüenta firme, irmão, na oração
Deus tudo vê e Deus dará
Ou então acha graça
É tão pouca a desgraça
Mas no fim do mês lembra de pagar a prestação"

Gonzaguinha

denegrir

trata-se de um vocábulo preconceituso?

eu pinto porcelana,

Jânio Quadros

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Secretaria de Estado da Cultura promoveu o Concurso de Poesia Helena Kolody.

o poema vencedor:

a língua

ela disse (com os olhos)
“pode olhar”
(porque as mulheres conseguem falar com os olhos –
antes de conhecer as mulheres eu não sabia que os olhos falavam)
e se mexeu daquele jeito, com aquele vestido que parecia uma língua
porque não era um vestido, era uma língua
lambendo aquele corpo daquele jeito só podia ser uma língua
(eu nunca imaginei que uma mulher pudesse vestir uma língua)
e fiquei com vontade de ser vestido
porque aquele vestido estava lambendo aquela mulher
(graças a Deus eu conheci as mulheres: minha vida mudou depois disso)
e quando ela olhava para trás
daquele jeito que eu aprendi que só as mulheres conseguem fazer
(eu não sou muito perspicaz, mas aprendo ouvindo e vendo)
eu me sentia mal
é, eu me sentia mal, porque eu não sabia o que fazer
(só os atores de Hollywood sabem o que fazer numa situação dessas, daquelas,
e eu não sou ator de Hollywood)
eu sou apenas um cara que quer ser língua
quero dizer
vestido
pra poder lamber as mulheres
só isso
minha ambição é ser vestido
se é que posso chamar de ambição
porque ambição requer – pode-se usar requer? – algo mais
ambição requer ambição
tipo aquele bicho que come o próprio rabo
(isso eu não aprendi com a mulheres, aprendi na escola mesmo)
mas pensando bem (porque as mulheres gostam de homens que pensam)
talvez eu tenha entendido mal
(porque eu aprendi a ler os olhos recentemente)
quem sabe ela estivesse apenas, como direi,
talvez ela estivesse apenas à vontade
daquele jeito que só as mulheres sabem ficar
à vontade
(se existe uma coisa que ambiciono – olha ela, a ambição, de novo -,
é saber relaxar como a mulheres)
mesmo quando estão com uma língua
principalmente quando estão com uma língua
(porque não é fácil estar com uma língua,
quem já conversou com alguém sabe do que estou falando)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Samuel Rosa e o mistério das proparoxítonas

Gosto muito de composições musicais feitas em poemas esdrúxulos, ou seja, em que a última palavra de cada verso é uma proparoxítona!
Aliás, tenho certa paixão pelas proparoxítonas. Já repararam que geralmente são as palavras mais interessantes do dicionário?
E são as mais raras! Dizem que elas fazem parte de aproximadamente 15% da totalidade das palavras que usamos. Será que é verdade?
Vejamos: nesse monte de palavras quantas delas há?
Esdrúxulos, última e proparoxítona!
Três! Só três! Acho que são até menos que 15%!!!
Mas isso já é outra história, comecei falando sobre composições musicais em versos esdrúxulos e era sobre isso que eu queria falar:
Avarenga e Ranchinho, com a música O Drama de Angélica;
O grande Chico Buarque, com a música Construção;
E Skank, com a música Formato Mínimo.

Eis um pequeno trecho de cada uma delas:

O Drama de Angélica:

“...Poesia épica,
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica,
Com rima rápida

Amei Angélica,
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos...

Em noite frígida,
Fomos ao lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre

Soprava o zéfiro,
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática...”


Construção:

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima...”


E agora que vem um grande mistério! É o seguinte: vejam a música esdrúxula do Samuel Rosa:

Formato Mínimo:

“Começou de súbito
A festa estava mesma ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Beijos de tiram o fôlego
Tímido transaram trôpegos
E a ávidos gozaram rápido...”

E por aí vai. Não vou escrever a música toda. A coisa quente está no final:

“Para ele uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão a rúbrica”

Rúbrica??? Isso não existe! O certo é ruBRIca! NÃO tem acento e é uma PAROXÍTONA!

Eis o mistério: Samuel Rosa não sabe disso ou escreveu errado por alguma razão especial????

E porque será que as proparoxítonas são tão raras e interessantes?
Ou vocês não acham?

(Paula Cicolin)

2 fatos sem importância e 1 teoria da conspirção sem fundamento

Ontém, quando voltava pra casa, vi as primeiras luzes de natal aqui em Limeira. Tive uma sensação estranha, parecia que eu estava de férias, sempre nessa época do ano eu estou de férias, mas em 2007, não.
Meus óculos já não estão mais dando conta, creio que terei que trocá-los, tenho que ir a um oftalmologista.

Teoria
Todo mundo que eu conheço que usa óculos, quando volta ao oftalmologista, o grau aumentou. Minha teoria é que quanto mais voce usa os óculos, mais voce precisa deles, e que os óculos têm algum poder, mágico, místico, científico ou sei lá o que, que fazem a sua visão piorar. Acho que é uma grande conspiração dos fabricantes de óculos.
Minha mãe, com 17 anos, descobriu que tinha miopia e usou óculos, mal e porcamente, durante um tempo. Só usava de vez enquando, até que parou de usar. O grau dela nunca aumentou e ela não sente falta dos óculos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ole, ole, ole, olaaaa, Lulaa, Lulaa.

Bem educados

Sírio Possenti

Mas a notícia política da semana foi certamente o pronunciamento de FHC no encerramento do congresso do PSDB. As matérias destacaram que ele atacou Lula sem dizer seu nome, especialmente no quesito educação. Foi mais do que claro que FHC estava qualificando Lula de ignorante, especificamente pela alusão a seu modo de falar. Muita gente escreveu que FHC revirou um velho preconceito, independentemente da avaliação que se fizesse da educação de Lula.

Mas FHC foi atacado também porque, criticando o português de Lula, também teria cometido um erro (em casa de ferreiro, espeto de pau). A passagem de sua fala que mereceu críticas foi, curiosamente, editada - isto é, corrigida - em mais de uma publicação. Uma delas foi:

Queremos brasileiros bem educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria.

FHC deve ter dito "melhor educados", já que foi por esta construção que foi criticado. A transcrição "bem educados" mostra bastante que há várias maneiras de a mídia não ser neutra quando "informa": se quem "erra" é um figurão, sua fala já sai corrigida; se for alguém do povo, ela sai destacada com aspas ou negrito, como faz especialmente a TV Globo, sempre que transcreve falas do morro em documentários ou notícias. Feito o registro, vamos adiante.


Achei curiosas duas posições, por razões diferentes. Artigo do professor Pasquale na Folha de 25/11/2007 faz uma avaliação geral da questão, que pode ser resumida assim: que Lula fala como fala não é novidade, mas será que os tucanos também não escorregam? Seu argumento para sustentar que sim é exatamente "melhor educados", que ele analisa como a professora Nicoleti, citada logo antes, em reportagem: as gramáticas mandariam dizer "mais bem educados", portanto, FHC escorregou.

Eduardo Graeff, competentíssimo assessor especial de FHC na presidência, dizem, escreveu carta ao Painel do leitor dizendo que FHC disse "melhor educados" não porque não soubesse que deveria dizer "mais bem educados", mas para evitar que fosse interpretado como se dissesse "mais bem-educados", que quer dizer outra coisa, e porque neste caso sim poderia parecer preconceituoso. Acho que Graeff foi mais realista do que o rei (o cordão dos puxa-sacos... etc.). Temos um novo Adilson Laranjeira na praça?

Aliás, Graeff errou duas vezes (não são dois erros, é um erro cometido duas vezes, o que faz uma boa diferença a favor dele) ao acrescentar "(sic)" a "taxar" e a "mal-criado", como quem avisa que quer mesmo escrever "taxar" e não "tachar", e "mal-criado" e não "mal criado". Acontece que não se usa a expressão sic para chamar atenção para uma forma correta, mas para informar que determinado erro é de outro, ou está na citação, não é um erro do autor do texto.

Um bom exemplo de emprego adequado de sic seria "'Graeff diz que (FHC) seria criticado por taxar (sic)' (sic)". Ou seja, estou dizendo que o sic de Graeff está no texto dele, não é meu. Meu é o segundo sic, e significa "está assim mesmo no texto dele e eu acho que ele errou ao incluir sic".

Veja-se o que diz sobre a expressão o dicionário Houaiss, já que foi nele que Graeff se baseou para informar quais são os sentido de "bem-educado": "sic: assim (Palavra que, entre parênteses ou colchetes, se intercala numa citação ou se pospõe a esta para indicar que o texto original está reproduzido exatamente, por errado ou estranho que possa parecer)".

Pasquale, por sua vez, aproveitou a oportunidade para cometer mais um erro de análise: informa que Lula, há dias, disse "os empresários espanhol". E acrescenta: "Que os falsos defensores dos fracos e oprimidos não venham dizer que Lula apenas empregou a variedade de língua dominante no Brasil. Pura balela, já que a maioria dos brasileiros diria "os empresário espanhol". A língua coloquial dispensa o plural redundante (no caso, a flexão da totalidade dos elementos que se referem ao substantivo".

Qualificar os analistas da língua que sustentam teses básicas, já dignas de almanaque, sobre a estrutura das variedades de todas as línguas de defensores dos fracos e oprimidos é grossa bobagem, mas é coisa que não adiante discutir. Ele já deveria saber que lingüistas e dialetólogos adotam essa posição por razões profissionais - apenas porque conhecem o objeto que analisam - e não por defenderem politicamente os grupos x ou y, sejam eles indígenas, iletrados ou jovens. É uma questão de saber olhar a analisar fatos, de ser profissional.

O verdadeiro erro de Pasquale está em transformar de novo em categórico um tipo de análise que as teorias variacionistas criaram e que se funda exatamente na concepção de que as regras são variáveis e que as variáveis são tantas quantas houver. Segundo essa forma de escrever gramáticas, considerados os fatos, uma seqüência como a que Lula proferiu pode "sofrer" três tipos de marcação de plural:

os empresários espanhóis
os empresários espanhol
os empresário espanhol

Não considerar a segunda forma é desconhecer ao mesmo tempo o cerne da teoria variacionista e os dados de várias línguas (inclusive a "nossa"), nas quais ocorrem as três formas. Aliás, ele próprio anota o dado, ocorrido na fala de Lula, para depois desconhecê-lo, dizer que não existe.

Um laboviano provavelmente explicaria uma forma como a empregada por Lula (a segunda do paradigma) como índice de insegurança, por um lado, e, por outro, como índice de que falantes como ele se descolam, pelo menos eventualmente, das construções tidas mais claramente como "erradas" - aquelas em que só aparece uma marca de plural.

Para que a coisa fique um pouco mais clara, vejamos o que ocorre em casos de concordância verbal. Na gramática de Pasquale, só haveria construções como

Ele vieram - Nós viemos
Eles veio - Nós veio

Acontece que há também construções como

Eles viero - Nós viemo

nas quais há concordância de terceira e primeira de plural, só que não se trata da concordância padrão (o ditongo "ão" (escrito -am) se reduz a uma vogal "o", num caso, no outro não ocorre "s" final do morfema -mos).

Dois requisitos são necessários a um (bom) analista: dominar uma teoria e saber observar os fatos. Nenhuma das duas estão presentes nas análises de Graeff e de Pasquale.


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2109302-EI8425,00.html

terça-feira, 27 de novembro de 2007

se pa acontece com todo mundo

duas notícias

as duas na página principal da uol.

notícia número 1:
"Brasil entra para o grupo de alto desenvolvimento humano, aponta ONU"

notícia número 2:
"Morados de rua tem o corpo queimado em São Paulo"
o velho meu vizinho era sozinho
motivo de fofoca pras vizinhas velhas

vizinhas velhas eram todas casadas
vizinhos velhos eram todos casados
(com exceção do meu vizinho velho)
vidas todas iguais na vizinhança

as velhas fofocavam na fila da padaria
os velhos fofocavam só dentro de casa

as velhas contavam que o velho sozinho era doido varrido

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ahahhahahaha..o moleza nem vai xingar o post não viu?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Um cara comum andava pela rua. Quando passou por uma vitrine que estava sempre em seu caminho, parou e olhou. Não se interessou. Nunca se interessava.
O homem comum continuou seu caminho pela rua quase vazia e fria, muito fria. Nem ele mesmo sabia para onde estava indo. Caminhava.
Os passos do cara comum resultavam em um som forte que marcava seu caminho e ecoava pela rua. Eram seus sapatos cravando na eternidade as marcas do seu caminho. Assim acreditava o homem. Caminhava.
Virou uma rua, virou outra. Tirou um volumoso molho de chaves do bolso e separou uma delas sem nem ao menos desviar o olhar de seu caminho, como se as conhecesse pelo toque. Mecânico.
Parou. Abriu a porta. Entrou. Fechou a porta.
Sentou-se em uma banqueta desconfortável. Pensou. Pensou. Pensou.
E o homem entendeu que o que queria era caminhar. Saiu.
Caminhou.

sábado, 24 de novembro de 2007

No limite, entre beirar e humilhar

Senador quer filho de político em escola pública

"Ninguém é obrigado a ser parlamentar", justifica Cristovam Buarque (PDT-DF)

Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defende projeto de lei de sua autoria que obriga parlamentares e chefes do Poder Executivo em todo o Brasil a matricularem seus filhos em escolas públicas durante o ensino básico. E disparou:
- Um parlamentar, numa República em que ele representa o povo, tem que colocar os filhos nas escolas que tenham filhos do povo.

Pela proposta, deputados, senadores, vereadores, prefeitos, governadores e o presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos em escolas públicas durante a vigência do mandato.

A matéria está sendo discutida na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, e lá recebeu parecer contrário do então relator Romeu Tuma (PTB-SP). Com a saída de Tuma da Comissão, o projeto será encaminhado novamente à relatoria da Casa.

O projeto do senador Cristovam, caso aprovado, entraria em vigor a partir de 2014. O parlamentar argumenta que se o Brasil terá condições de melhorar sua infra-estrutura até lá para receber a Copa do Mundo, também pode criar condições de boa educação.

Ele não acha que o projeto está ferindo o direito de escolha dos políticos que colocariam os filhos em escola particular. Mas admite que não sabe se teria sido candidato se a medida já vigorasse.

- Era capaz de eu não me candidatar com essa lei, teria de discutir isso com minha mulher e meus filhos. A lei não existia, por isso não tinha nenhuma obrigação.

Leia a entrevista do ex-ministro:

O senhor acha que os parlamentares só se sensibilizam com os problemas da sociedade quando são diretamente atingidos por eles?
O serviço médico do Senado é ótimo, é excelente. Por que temos um serviço médico excelente no Senado? Porque cuidamos da saúde dos senadores. Na Monarquia havia escolas só para os filhos dos aristocratas, mas a gente está numa República. Na Inglaterra, que é uma Monarquia, está se discutindo esse projeto de lei. Mas aí tem gente que vai dizer: "ah, mas lá a escola pública é boa". A gente precisa inverter isso.

O projeto não interfere no direito de escolha dos parlamentares?
Fere o direito do cidadão que quer ser parlamentar. Ninguém é obrigado a ser parlamentar. O que a gente está fazendo é acrescentando uma obrigação ao parlamentar, e isso só entraria em vigor em 2014. É o tempo que o Brasil tem para fazer uma Copa do Mundo. Por que não é o prazo para se fazer uma boa escola?

Mas ainda assim ele acaba tendo suas liberdades constitucionais restringidas...
A Constituição diz que o cidadão é livre, mas que cada cidadão tem que cumprir suas obrigações. Eu não sou livre a ponto de, por exemplo, estar agora na praia. É uma obrigação profissional. A questão é saber se essa obrigação é ou não é justa. Eu acho que é mais que justa. E um parlamentar, numa república em que ele representa o povo, ele tem que colocar os filhos em escolas que tenham filhos do povo.

O senhor matriculou seus filhos em escolas públicas?
Não, porque na época eu não era nem parlamentar. Era capaz de eu não me candidatar com essa lei, teria de discutir isso com minha mulher e meus filhos. A lei não existia, por isso não tinha nenhuma obrigação. Hoje o parlamentar não deve fazer isso, porque a lei não existe.


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2088257-EI6578,00.html

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

e o vovô dele?

Para ACM Neto, venezuelanos não sabem votar

O deputado ACM Neto (DEM-BA), que lamenta a aprovação, na CCJ da Câmara, da entrada da Venezuela no Mercosul

Para o deputado Antonio Carlos Magalhãos Neto (DEM-BA), o povo venezuelano não sabe escolher seus presidentes. Categórico, o parlamentar baiano vai além:
- Eu não posso jamais aplaudir ninguém que é capaz de dar um voto em Hugo Chávez.

Indiretamente, ACM Neto corrobora a famosa declaração de Pelé, que na década de 1970 disse que "brasileiro não sabe votar".

O deputado critica a aprovação, pela CCJ, da entrada da Venezuela no Mercosul. A matéria, relatada pelo deputado Paulo Maluf (PP-SP), passou por 44 votos a 17 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Ele alega que o governo se utilizou de mecanismos "pouco republicanos" para conseguir aprovar a matéria na Casa.

- A bancada do governo ontem dormiu reclamando e hoje acordou votando. O que nós presenciamos foi uma entrada muito forte do Planalto e dos seus articuladores com métodos pouco republicanos. Isso acabou manipulando o resultado final da votação na CCJ.

Em entrevista a Terra Magazine, ACM Neto fala da posição do DEM a respeito do ingresso da Venezuela no Mercosul e expõe seu ponto de vista sobre a situação no país vizinho.

Terra Magazine - O DEM foi contra a admissão da Venezuela no bloco por considerar o país "pouco democrático". O partido não levou em conta o peso econômico da Venezuela ao tomar essa posição?
Antonio Carlos Magalhães Neto - É claro que sim. Contudo, as questões econômicas são tratadas através das relações bilaterais. Nós não estamos defendendo nenhum tipo de sanção econômica contra a Venezuela, pelo contrário, nós queremos incrementar o comércio exterior com a Venezuela. Contudo, quando se discute um mercado comum se vai para muito além das questões econômicas. Por ter assinado o protocolo de Ushuaia, o Brasil é impedido de aceitar no Mercosul qualquer país onde a democracia não seja plena. E no caso da Venezuela, o ditador de plantão é Hugo Chávez.

Desde 1998, o presidente Chávez venceu 6 pleitos. Ele pode ser chamado de ditador mesmo assim?
Com certeza. São pleitos manipulados, afinal de contas ele criou um instrumento de perpetuação no poder, ele utiliza a população mais carente da Venezuela como massa de manobra através de políticas populistas. Não existe Judiciário independente na Venezuela, não existe um Legislativo independente, não existe liberdade de imprensa. Por que ele pode se reeleger quantas vezes quiser? Porque não tem liberdade de manifestação e de expressão.

A lisura desses pleitos foi garantida por observadores internacionais, inclusive o ex-presidente americano Jimmy Carter. Ainda assim o senhor afirma que essas eleições foram manipuladas?
Com certeza sim, porque a manipulação não é no dia da eleição, não é mexer na urna. Os observadores internacionais ficam atentos apenas ao pleito durante a campanha, na reta final de campanha e no dia da eleição. Nós não estamos falando disso; estamos falando de um presidente que criou um modelo de perpetuação no poder que parte da supressão de direitos e garantias fundamentais, que controla a economia e impede a livre iniciativa privada de intervir na educação pública, doutrinando a população da Venezuela. A manipulação dele não é na eleição propriamente, é uma manipulação permanente.

O que caracteriza uma democracia, considerando que Hugo Chávez venceu 6 pleitos, entre eleições e referendos? Pela óptica da reeleição indefinida, o presidente americano Franklin Roosevelt ficou 16 anos no poder e nem por isso teve sua legitimidade contestada.
Pelo amor de Deus, não vamos comparar a Venezuela nem aos Estados Unidos nem à França, onde também há possibilidade de diversas reeleições. Nesses países a economia é desenvolvida, há liberdade de imprensa. Nesses países há alternância de poder e, principalmente, a população é instruída. A liberdade de cada cidadão se dá a partir da educação, coisa que não existe na Venezuela. Não tem como se comparar nem aos Estados Unidos nem à França. O que existe na Venezuela é opressão dos estudantes, é opressão e perseguição da oposição. Veja que coisa absurda: a nova Constituição proposta pelo senhor Hugo Chávez diz claramente que o estado venezuelano tem que ter vocação socialista! Meu Deus do céu! Como é que a Constituição, a carta jurídica mais importante de um país pode estabelecer a vocação político-ideológica das pessoas? O senhor Hugo Chávez não pode ter uma carta branca, não pode ter um cheque em branco do Brasil, que seria a aceitação no Mercosul.

O povo venezuelano não sabe o que é melhor para ele, independentemente das críticas que porventura se tenha contra o presidente daquele país?
Hoje a população venezuelana não tem os instrumentos para julgar o que pode ser melhor para sua representação interna e principalmente representação externa. Eu não tenho nenhuma dúvida que hoje o povo venezuelano está suprimido, tolhido pelo próprio Hugo Chávez dos meios adequados para ter a melhor escolha e a consciência crítica devida.

O povo venezuelano sabe escolher seus presidentes?
Eu acho que não. Infelizmente foi criada uma grande bomba interna na Venezuela, uma armadilha que se criou para a população a partir de um viés totalitário do presidente Hugo Chávez. O povo venezuelano precisa ter meios que o conscientizem de que não se pode ter à frente um chefe de Estado como Hugo Chávez com as práticas que ele tem.

O senhor já foi à Venezuela?
Olha, eu acho que você tem uma procuração para defender Hugo Chávez.

O senhor já foi à Venezuela?
Não. Mas tenho outros relatos e outras fontes de informação sobre o país. O meu mecanismo de análise é a partir do que é bom para o Brasil. Esse é meu dever, e é isso que eu estou fazendo. Eu leio jornal, eu leio revista, eu leio livros, eu acompanho todo dia o noticiário e tenho plenas condições de fazer a consciência crítica devida com relação à postura do senhor Hugo Chávez. Agora se alguém está querendo ser advogado de defesa do senhor Hugo Chávez é melhor vir aqui pro parlamento e vir debater conosco no ambiente certo.



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

se deus é brasileiro, o diabo é o que?

Prefeito diz que foi abduzido pelo diabo e renuncia

Políticos deixam suas funções o tempo todo para passar mais tempo com a família ou por outras diferentes razões. Mas, numa cidade do Estado de Arkansas (EUA), o prefeito renunciou alegando uma razão inusitada: adoradores do satanás fizeram-lhe uma lavagem cerebral. A informação é do site Metro.


Ken Willians deixou seu cargo alegando que o diabo o havia abduzido há quase 30 anos. Prefeito desde 2001, ele afirmou que passou a usar o nome pelo qual é conhecido a partir de 1980.

O ex-prefeito afirma que era um pregador da Igreja Batista chamado Don LaRose, que vivia em Indiana em meados dos anos 70, mas foi abduzido pelo diabo e esqueceu-se de sua vida até então.

Recentemento, Willians diz que tomou uma injeção que o fez lembrar seu passado. Ele lembrou-se então que tinha uma mulher e dois filhos como LaRose e que tinha decidido mudar sua identidade para protegê-los. Em 1980, ele teria então assumido a identidade de Ken Willians, morto em um acidente de carro em 1958.

Willians tornou público o caso na semana passada quando sua antiga família descobriu o que acontecia. Desde fevereiro ele mantém um site sobre o desaparecimento de LaRose.

O ex-prefeito diz que planeja continuar a viver como Williams, e que a sua atual mulher o apóia. Ao se demitir, ele assinou como Ken Williams, 69 anos, e Don LaRose, 67 anos.


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pego o controle, ligo a televisão, geralmente está na Globo, começo a mudar de canal em busca de algo interessante. Rapidamente passo pelos 30 canais de minha modesta TV a cabo (sim modesta, as Nets e cia. tem mais de 100 canais) e vejo que não há nada "assistível". O normal seria desligar a televisão e procurar o que fazer, mas continuo apertando aquele botãozinho com o sinal de mais e logo completo a segunda volta. Completo a terceira, a quarta, a quinta... Após um tempo nem olho mais para a televisão, olho para a janela, pro ventilador, umbigo, fecho os olhos, sei lá, mas o meu dedo continua a realizar o mesmo movimento. Uns 10 minutos depois percebo que já estou há um bom tempo fazendo isso e que quero parar, até conseguir parar de apertar o botãozinho com o sinal de mais e apertar o power demora mais uns 5 minutos.

Desligo a TV, resta o computador (com apenas alguns cliks estou conectado com o mundo inteiro). Entro no orkut, nenhuma novidade, leio algumas notícias, nem sou tão engajado assim, abro o MSN, ninguém para conversar, entro nesse blog. Os primeiros 15 minutos até que são divertidos, mas depois não há mais nada o que fazer no computador. Fico cerca de uma hora, ou mais, mexendo o mouse e olhando para a tela do PC, é praticamente impossível desligá-lo e me levantar da cadeira. Ai, ai... essa técnologia...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Lula é legal, mas é um brincalhão

Lula diz que "Deus é brasileiro" em cerimônia no Palácio

Jeferson Ribeiro
Direto de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira que "Deus é brasileiro". A declaração foi dada durante a assinatura de um protocolo de intenções entre Companhia Vale do Rio Doce e a empresa coreana Dongkuk Steel Mill para construção até 2010 de uma siderúrgica no distrito de Pecém no Ceará.

"Eu tenho dito sempre, desde da descobertas da Petrobras, que está ficando provado que Deus é brasileiro", disse Lula ao desejar que Deus permitisse que ele inaugurasse a nova usina, que terá sua produção movida por um auto-forno de carvão, até o final de seu mandato.

A Vale de a Dongkuk assinaram um protocolo com a intenção de fechar os últimos estudos de viabilidade e construir a Usina Siderúrgica de Pecém. A unidade deve produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 2 bilhões. Devem ser gerados dois mil empregos diretos na produção de aço e minério de ferro no local.

O investimento já havia sido anunciado pelo presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, na quarta-feira da semana passada. Durante a cerimônia, Lula incentivou também o aumento da produção de aço no País e fez uma comparação com a China. Segundo ele, os chineses produzem cerca de 450 milhões de toneladas de aço por ano e o Brasil apenas 30 milhões, tendo o mesmo potencial que a China.

"Não podemos ficar vendo os chineses aumentarem sua produção para 600 milhões de toneladas de aço e nós ficarmos nos 40 milhões. Temos que fazer mais investimentos para aproveitar o nosso potencial", disse.

O projeto da Siderúrgica de Pecém é antigo e não tinha sido viabilizado ainda porque havia pendências sobre o fornecimento de gás para o empreendimento por parte da Petrobras. A demora fez com que os investidores encontrassem outra forma de produção, usando o auto-forno de carvão.

fonte:
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200711201408_RED_53323863


O que será que o Belchior acha disso?

Sujeito De Sorte
Belchior



Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

E se eles jogassem?

Os gêmeos, Alan e Alex, jogavam demais, tinham a nossa idade e já estavam no pré-mirim (a gente era do fraldinha)."Nossa! Eles jogam com os muleques da terceeeira série." Uma vez fomos jogar um amistoso contra outra escola, não lembro o nome, e perdemos de 4 a 1, o Gabriel levou um frango histórico. Não joguei nem 5 minutos, mas o gol saiu quando eu estava em campo. Nosso time não era ruim, Kauê, Kelency e o Ali jogavam muito. Quando o jogo acabou o nosso professor marcou a revanche, seria em casa e os gêmeos jogariam no nosso time. Estávamos todos anciosos e confiantes na vitória, o Alex fechava o gol e o Alan era 10 e faixa. O jogo seria depois da aula, o sinal bateu, nos trocamos e fomos para a quadra. Depois de mais ou menos meia hora o professor sobe e fala que os adversários não iam jogar. Para não ficarmos tristes o professor deu um "coletivo". O jogo nunca foi remarcado e até hoje não sabemos se ganharíamos se os gêmeos jogassem.

postagem matinal

Eu tinha vinte anos e era um garotão maneiro e tudo o que eu fazia naqueles dias era ficar coçando o saco, enquanto pensava em sacanagem e estralava uma cerveja atrás da outra. Minha mãe vivia achincalhando meu brazilian way of life e fazendo novena pra eu mudar de vida. Na rua, as babies em flor sorriam serelepes pra moçada bronzeada da minha idade que praticava halterofilismo e jogava voleibol. Eu tinha uma pancinha precoce e proeminente e nenhum charme aparente e nenhuma disposição pra levantar o rabo da frente da geladeira onde repousavam doces cervejocas, a não ser pra comprar novas cervejocas ou pra trocar Gibi com o Chico da venda. De mais a mais, eu sempre achei esse negócio de puxar ferro e voleibol uma tremenda de uma viadagem. O meu melhor amigo era o Zulu, um crioulo macumbeiro, decididamente a versão black do ET. A gente saía junto e era um arraso. A cachorrada latia, as garotas xingavam, a rapaziada queria dar porrada e a velharada fazia o sinal da cruz. O Zulu e eu éramos a dupla de truco mais temida da vila, e de sinuca também. Pra falar a verdade, eu sempre fui meio malandro otário, jogador de sinuca e comedor de paçoquinha, mas era assim que eu era feliz. Mas também, fazer o que, né? O santo da mãe nunca foi muito forte. Mas aí pintou a Sandrinha, inteirada em literatura e rock and roll, e devoradora de rango natural. A casa dela era um verde só. Tinha samambaia até dentro da geladeira. A gente se cruzou numa quermesse que era pro padre arrecadar grana pra construir mais uma casa paroquial. Tava escalando uma montanha de batatinha frita ali pela quinta cerveja quando ela irrompeu no salão a tira colo com um japa mirradinho. Dei um toque no Zulu que tava parado numa neguinha de traseiro generoso. Ele sorriu dentes cariados e voltou a cuidar a crioula que tinha umas tranças afro charmosissimas. Então eu tava assim, bebendo cerveja e comendo batatinha frita, quando três desses sujeitos que andam com medalhões de ouro nos pescoços entraram numas de dizer gracinhas pra Sandrinha e eu, revoltado e indignado, resolvi dar um tempo da cerveja e das batatinhas e fui apertar o nariz dos caras. Mal cheguei perto e abri a boca, um anel de ouro veio pousar bem dentro dela acompanhado de um punho que eu jamais convidaria pra tratar dos meus mal cuidados dentes. Fiquei vendo constelações enquanto o japa mirradinho ceifava cabeças e fazia vôo rasante sobre as mesas. Quando acordei, estava num sofá verde, que ficava sobre um tapete verde em um apartamento verde. Sandrinha me serviu uma vitamina de abacate e eu fiquei esperando pintarem os marcianinhos ou a torcida organizada do Palmeiras. Sandrinha me explicou que o japa era faixa preta de uma dessas lutas orientais (por mim, tudo bem), e tinha dado um jeito nos caras antes de me trazer pra cá pra que ela tratasse de mim. Abençoei o japa e Sandrinha me mostrou gravuras pop e discos de rock and roll. Achei tudo muito muito e perguntei se ela não tinha uma cervejinha na geladeira. Me serviu com uma latinha que eu estralei na hora e tratei de dar sumiço no liquido. Sandrinha era um amor, e talvez por isso mesmo passou a me olhar como se eu fosse uma folha de alface, e então me convidou pra conhecer sua coleção de fotos de Audrey II, aquela plantinha simpática e canibal que cantava uns funks no filme "A Pequena Loja dos Horrores". Me confidenciou que o seu álbum com fotos de Audrey II estava no quarto, e foi na frente me mostrando o caminho. Me armei de mais uma atraente latinha de cerveja e a segui decididamente fascinado pela gata e pelas prováveis latinhas de cerveja no provável frigobar do quarto. Quanto entrei, notei que não havia frigobar, mas havia uma cama forrada com um lençol com baleiazinhas esguichando, o inevitável álbum com fotos de Audrey II e um pôster em alto relevo do Fernando Gabeira, além de um porta retrato no criado mudo com o Sting abraçando o Raoni. Sandrinha sentou-se na beirada da cama e maliciosamente natural, desabotoou a blusa, deixando a mostra dois suculentos peitinhos ornamentados com duas suculentas tetinhas pontudas. Dei um ultimo gole na cerveja e caí matando no leite, digo, nos peitos. Sandrinha me fez jurar que eu iria me filiar ao PV e só depois abriu as pernas. Fiz uma prece ao Mico Leão Dourado e fui fundo. Entre um beijo e outro, jurava fidelidade ao Gabeira. Sandrinha ficou possessa. Na verdade, Sandrinha vegetariana era uma antropófaga na cama. Começou a chupar meu pobre pau implacavelmente e eu comecei a rezar pra que a precoce não emplacasse desta vez. Todas aquelas adoráveis latinhas de cerveja na geladeira contavam com isso. Sob veementes protestos da canibal travestida de ecologista, arranquei meu pau da boca dela e tratei de tentar despi-la. Foi aí que ela me jogou na cara que eu era um desajeitado. Nunca fui bom pra tirar roupa de mulher, sempre me dei melhor abrindo garrafas. Sandrinha saltou da cama com os seios arfando e o zíper da calça aberto, colocou um bem vindo Rolling Stones no toca discos e deu início ao que eu chamaria de um Strip tease pós Salomé. Coloquei a cabeça do meu pau na bandeja pra baby que ficou de costas pra mim, e foi lentamente abaixando a calça, e qual não foi minha surpresa então, pois a tanga que ela estava usando não era verde como eu imaginava e até apostaria minha garrafa de Orloff nessa. Era lilás. A tanga era lilás. Mais tarde ela me confessaria entre gemidos que era uma simples e singela homenagem ao Gabeira. Ela se virou, e então eu vi, na tanga, ali onde a xoxota se esconde, uma doce foquinha com a sugestiva inscrição: "Toda a liberdade às focas". Sandrinha se livrou da tanga politiqueira e se atirou sobre mim. Acabou de tirar minha cueca no dente, e porra, eu não tô exagerando nem um pouco, me devorou. Lembrei a Sandrinha que o pôster do Gabeira tava de olho, ela resmungou qualquer coisa sobre sexo livre e continuou o seu ritual antropofágico. Meu pobre pau me olhou com cara de Danton a beira da guilhotina, devolvi a ele meu olhar de incapaz, e então foi terrível o que ela fez. Por sucessivas vezes colocou e tirou meu pau da sua xoxota. Comecei a imaginar delirantemente quantos paus já tinham entrado e saído daquela xoxota cruel. Sandrinha não passava de uma aliciadora de pobres garotos apolíticos e alienadões para o seu partido, e porra, como ela sabia ser convincente. Se virou de costas pra mim, ficou de quatro e gritou duas palavras de ordem tipo "Beterraba" e "Pimentão". A bunda da Sandrinha era redonda como uma bola de futebol de salão. Comi a bunda da Sandrinha, e o sol pintou na janela testemunhando a apoteose da sacanagem. O gozo saiu como um esguicho de uma daquelas baleiazinhas no lençol. Sandrinha desmaiou com a cara no travesseiro, cônscia do dever cumprido. Tirei meu pau e dei duas boas balançadas. Senti o sol nos olhos, coloquei um óculos escuro e fui pelado até a cozinha, abri a geladeira e peguei uma latinha de cerveja. Voltei pro quarto e fiquei parado na porta, pelado, olhando Sandrinha dormindo, nua. Ela era um bocado bonita. Me sentei na beirada da cama, estralei a cerveja e dei um gole, entediado. Sandrinha ronronou ao meu lado. Pensei na mãe e sorri.

Mario Bortolotto

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

dessa vez foi na finlândia...

Um estudante de 18 anos matou 8 pessoas de sua escola com uma pistolinha na Finlândia.

Ele era um darwinista-social assumido.
Isso mesmo. Acreditava que a seleção natural serve para os seres humanos.

palavras do assassino: "Estou preparado para lutar e morrer pela minha causa. Eu, como um seletor natural, eliminarei todos aqueles que considerar deficientes, vergonhas da raça humana e fracassos da seleção natural"


Herbert Spencer aplicou a teoria de Darwin às sociedades humanas.

Herbert Spencer nasceu em 1820.
O aluno finlandês em 1989.

O ganhador do prêmio nobel James Watson disse que os africanos são menos inteligentes em 2007.

Resquícios da teoria de Herbert Spencer estão aí até hoje.
Resquícios da teoria de James Watson vão frutificar por até quanto tempo?

postado por zé # haauhauhauh

humilhando...

Silvio Santos põe "Chaves" no lugar de "SBT Manchetes"

terça-feira, 6 de novembro de 2007

malhação


É impressionante.
A abertura da novelinha que foi feita pra representar a vida dos jovens na telinha se resume à um calçado, um skate e um estojo de maquiagem.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Até que é legalzinho.

Fazer o quê? A Copa é nossa

A Copa de 2014 é nossa!
Alguém talvez se recorde de que, antes do início da Copa na Alemanha, escrevi que estava próximo de cometer suicídio diante da tediosa, repetitiva e exaustiva carga de "informações" sobre a Alemanha. Todos os apresentadores do país foram para lá, assim como todos os jornalistas. Em alguns telejornais, os âncoras diziam: "E agora, vamos chamar o nosso correspondente que se encontra no Brasil. Fala, João; como vão as coisas por aí?" E João respondia: "Aqui não se fala em outra coisa a não ser sobre vocês aí."
Imagine o que será de nossa TV quando estivermos em 2012. Já viveremos um pré-inferno. Todos dirão: "Às vésperas da Copa..." e tome matéria besta tipo "Seu Joaquim faz banquinhos há 54 anos na pequena e pacata cidade de Muturum, vizinha de Mucupemba, onde está sendo construída uma das 567 Arenas Multiuso do país, nas quais acontecerão os jogos da maior Copa do Mundo do sistema solar. E então, seu Joaquim? Feliz com a Copa acontecendo aqui pertinho?" E ele sorri com timidez e responde: "Sim". E a moça (geralmente moças fazem essas matérias), num clássico do jornalismo nacional, pedirá: "Então mostra pra gente como se faz um banquinho." Em 2010, claro, é provável que o Galvão e outros patriotas ­ -agora a emissora do bispo tá lotadinha deles; foram os campeões em patriotadas e histeria verde-amarela durante os jogos cariocas de inverno- já passem a se referir à nossa Copa durante as transmissões da Copa da África.
Exemplo: "Estamos aqui na pré-Copa do Brasil de 2014." Ou "Isso aqui nada mais é que um grande ensaio para aquela que será a maior, melhor, mais espetacular e sensacional Copa do Mundo de todos os tempos, a Copa do Brasil!"
Acredito que nem precisamos ficar preocupados em ganhar ou sequer jogar bem. O elegante Dunga poderá até sorrir e dizer que está poupando jogadores ou testando alguns para a Copa pra valer, a nossa Copa.
Outro aborrecimento seguro: a Copa de 50. O famoso jogo, a famosa derrota, a famosa tristeza, o famoso silêncio, o famoso sonho destruído. Mas 2014 será o ano da vingança. O ano em que iremos tirar da garganta aquele 2 X 1. O ano em que o Maracanã irá se redimir.
Não vai ser fácil.


Márcio Alemão


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2046443-EI6616,00.html

sábado, 3 de novembro de 2007

Chocolate, chocolate e chocolate...

Há algumas décadas atrás, numa cidadezinha do interior, havia um senhor que era dono de um bar. Seu bar ficava dentro do cinema, o único da cidade, palco de grandes agitações culturais.
Num certo sábado de aleluia (véspera de páscoa), o bar estava com um movimento diferente: dezenas de crianças apareciam chorando, acompanhadas de seus pais desesperados, procurando por ovos de páscoa. A razão do desabastecimento na cidade era desconhecida, e infelizmente o senhor do bar não tinha comprado um mísero ovo de páscoa para vender . Naquele ano, muitas crianças ficaram sem ovos, e o dono do bar ficou decepcionado por não poder atende-las em cima da hora.
No ano seguinte, faltando um mês para a páscoa, o senhor se precaveu: comprou centenas de ovos da marca PAN, esperando vender a todas criancinhas q aparecessem por lá.
O tempo ia passando, a páscoa ia chegando, e os ovos continuavam a enfeitar o bar. Na véspera da páscoa, não apareceu nenhuma criança chorando, apenas os tradicionais espectadores do cinema. De todos os ovos comprados, apenas 3 tinham sido vendidos, e curiosamente para o vizinho do bar.
Não podia ter sido mais catastrófico o desfecho. A páscoa tinha passado e os ovos não foram vendidos. O prejuízo foi enorme, e a quantidade de chocolate era assustadora. Tinham tantos ovos que o dono do bar teve q pedir para o padre da cidade, seu amigo, um espaço em seu porão para guardar uns ovos, já q não cabia tudo em sua casa.
E o que fizeram com tantos ovos? Comeram, é claro.
Todo dia a sobremesa era chocolate. Até no café da manha comiam chocolate, a família e o padre.
Os filhos dele levavam ovo de páscoa de lanche na escola até dezembro, e os amiguinhos deles morriam de inveja da quantidade de ovos que eles tinham ganhado.
Alguns deles até diziam “Como seu pai é legal, o meu só deu um ovo”.
Hoje, passados quase 30 anos do ocorrido, alguns dos filhos não suportam chocolate. A mulher dele então, quase bate em quer aparecer com chocolate (e se for da PAN então, ela mata).


Mas porque contei isso?
Vi os cigarrinhos de chocolate da PAN na foto do zé e lembrei dessa história.

Isso realmente aconteceu, o dono do bar em questão é ninguém mais que meu avô, e minha mãe é uma das filhas.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Afinal, pra que serve a ONU?

ultima da ONU: no ultimo dia 30, condenaram por 184 votos a 4 o bloqueio economico mantido pelos EUA a Cuba ha quase 50 anos.
detalhe: A ONU faz isso todo ano.
E o bloqueio é mantido ano após ano.

Vale lembrar que essa mesma ONU foi "radicalmente" contra a invasao estadunidense ao Iraque, e ainda a mesma ONU que critica duramente o trabalho escravo na China, entre outros.


Afinal, pra que serve a ONU?

A Corporação (Documentário)

Parte 1/16



Vou colocar só o link das outras partes para não poluir o Blog. São 16 partes, cada uma tem mais ou menos 9 min. Em uma semana dá para ver tudo.

Parte 02 http://br.youtube.com/watch?v=Jgx27zoFnck
Parte 03 http://br.youtube.com/watch?v=szgnEFidHT4
Parte 04 http://br.youtube.com/watch?v=jdNxoGKqXns
Parte 05 http://br.youtube.com/watch?v=cyG0l_SRL3g
Parte 06 http://br.youtube.com/watch?v=0N7ykZ9xtlw
Parte 07 http://br.youtube.com/watch?v=lAfiAb9jvtc
Parte 08 http://br.youtube.com/watch?v=H1MzJ7bRe2o
Parte 09 http://br.youtube.com/watch?v=wNaHr2LjTMA
Parte 10 http://br.youtube.com/watch?v=arXiv9KpPpg
Parte 11 http://br.youtube.com/watch?v=zprlhJZsFLw
Parte 12 http://br.youtube.com/watch?v=Xsca4WcdCa4
Parte 13 http://br.youtube.com/watch?v=bxauAZsurm8
Parte 14 http://br.youtube.com/watch?v=iB2jC7wtNBU
Parte 15 http://br.youtube.com/watch?v=WWg4oxM4v-M
Parte 16 http://br.youtube.com/watch?v=QkhvKp3MQ0E


Se a preguiça deixar assistam que deve ser legal, eu também vou tentar assistir

Ah, pra quem tem PC malandro, dá pra assitir pelo Google Video, que tá dividido em 2 partes de 1:12, demora mais pra carregar

Parte 1
http://video.google.com/videoplay?docid=1536249927801582119&q=the+corporation+portugues&total=16&start=0&num=10&so=0&type=search&plindex=1

Parte 2
http://video.google.com/videoplay?docid=-7123616269200477373


Comunidade no orkut
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=22224532

no embalo do dézão

Eles não sabiam o que queriam.

Gostavam de jogar bola. Tentaram montar uma banda, tentaram fazer um filme, de vez enquando tentavam escrever algo, não queriam a vida de seus pais. Alguns amigos participavam da brincadeira, mas não com o mesmo espírito, talvez por preguiça ou por terem mais o que fazer. Na hora de transformar a brincadeira em realidade eles sempre falhavam, às vezes nem eles mesmo se levavam a sério. Mas o que eles queriam? Eles sabiam o que queriam? Eles realmente não queriam ter a vida de seus pais? Seria utopia transformar a "brincadeira" em realidade? Não sei como essa história terminou.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Admirável “Brasil Colônia” novo!

Nas últimas décadas, apesar de ter ocorrido o enrijecimento das instituições democráticas, a população brasileira ainda não foi capaz de traduzir tal palavra – democracia – como está descrita no dicionário Aurélio: “governo do povo; soberania popular”, “as classes populares; povo, proletariado”. Impera no inconsciente coletivo a falsa verdade de que política é instituição onde o esperado é apenas o favorecimento da classe com alto poder aquisitivo.
Não existe, atualmente, a lucidez do que seria o real exercício da democracia – e que ela, se exercida, poderia permitir o alcance do poder pelo proletariado – e tampouco o conhecimento de que o termo “política” deriva-se de “polita”= “cidadão” no grego, e o seu significado, expresso, também no Aurélio, pode ser: “habilidade no trato das relações humanas, com vista à obtenção dos resultados obtidos” e não, como se crê, que essas relações humanas sejam o instrumento para que o poder permaneça eternamente nas mãos da aristocracia.
Todas essas insciências são elementos contribuintes para a manutenção do sistema Neoliberal, que favorece a redução do estado na esfera social, e são evidências da imobilidade frustrante diante de atos de corrupção cometidos na câmara dos deputados e do enfraquecimento constante dos movimentos sociais e sindicatos. Isso garante a sobrevivência das relações de poder patrionalista, como no Brasil colônia, onde as instituições funcionam para quem tem patrimônio.
Dessa forma, a verdade impressa na mente da população é que fazer política não é defender o interesse da nação e sim dos grupos que se mantêm no poder em busca de favorecimento pessoal. E o sistema educacional do país, na intenção do enraizamento da estrutura da sociedade tal como ela é, gera cidadãos iletrados, inscientes, e com a aceitação de ser natural, numa sociedade, a divisão de classes em ricos e pobres.
Isso tudo é ambiente propício para a sobrevivência da ideologia liberal, que tão distante está de investir no social, continuar privilegiando as classes altas e para distanciar, cada vez mais, da lucidez da possibilidade do desmantelamento da cultura patrionalista que está na base da nossa formação histórica.

Obrigada pela atenção!

Muita paz, amor, liberdade e infinidade!

Paula Cicolin

copa de 2014 no Brasil!

Agora está confirmado. O Brasil vai sediar a copa de 2014.

"A expectativa da Fifa em relação à construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil é que o país tenha um gasto em torno de US$ 1,1 bilhão. O cálculo foi feito pela comitiva de inspeção, que passou por cinco cidades brasileiras de 23 de agosto a 1º de setembro, em cima dos projetos apresentados."

1,1 bilhão é o que estão falando, restando 7 anos para o grande evento.

Daqui a 7 anos, quando o Galvão Bueno estiver narrando o desfile de abertura, algum camarada por favor poste nesse blog, o quanto de grana rolou na brincadeirinha.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

só pra botar mais lenha na fogueira

Zeca Baleiro critica Huck por ter reclamado de roubo em jornal

O cantor Zeca Baleiro criticou o apresentador Luciano Huck, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira, por ter reclamado do roubo de seu relógio Rolex, há quase um mês, justamente em texto escrito para o mesmo jornal.

Baleiro afirma que não tem intenção de polemizar porque teme, "por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino". Mas diz não abrir mão de uma boa discussão e expõe o que pensa sobre o artigo de Huck.

"Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal", escreve ele.

Ainda no artigo, Zeca Baleiro questiona a atitude de Luciano Huck de escrever o artigo somente depois de ter sido roubado e o acusa de aproveitar "privilégio dado a personalidades" e utilizar "um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como 'sou cidadão, pago meus impostos'".

Baleiro afirma, no entanto, não ter "nada pessoalmente" contra Huck, pelo contrário, diz que "alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração".

Para finalizar, o cantor defende o direito de expressão e diz que as pessoas públicas "não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate".


Redação Terra

JOGO DA VIDA

Ignorando a infância....

Um dia a gente escolhe uma profissão, por motivos quaisquer...(um médico recebe 50.000 e um professor 24.000)
Logo temos uma parada obrigatória: o casamento.
Podemos ter filhos ou não, se sim recebemos os presentes...
Temos seguro do carro, da casa, da vida, investimos em ações ($$$!!)
O mais importante é que no fim o vencedor é aquele que tem maior capital acumulado.
O perdedor vira filósofo...

Esse jogo parece mesmo a vida...
Ou a vida que é um jogo... e a gente só segue o caminho já trilhado e óbvio? o tabuleiro?

Penso: Que droga é essa?! não quero brincar assim...
Mas acabo pedindo: me passa os dados?

domingo, 28 de outubro de 2007

Domigos são muito chatos.

Obs: todos sabem disso, mas ninguém ainda escreveu sobre o domingo aqui, então, escrevo mesmo.


Domingos são realmente muito chatos. Tinha tudo para ser um dia alegre, ninguém faz nada, a tarde tem futebol na televisão, não sei o que acontece. Será que é só o medo da Segunda-feira? Ou será que é uma lenda urbana que alguém inventou e todos acreditaram? Sei lá. Eu sei é que depois do almoço de domingo, com ou sem a família, bate uma depressão enorme. O pior é que depois do domingo vem a segunda (tá bom, podem me aloprar) que também não ajuda muito. Tirando sexta e sábado, que todo mundo gosta, eu sempre gostei das quartas-feiras.

sábado, 27 de outubro de 2007

A verdadeira dívida externa

Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, defendendo o pagamento da verdadeira dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia.



"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos.

O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram.

O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país - com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento de juros.

Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria sido isso um saque?

Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

Teria sido espoliação?

Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio?

Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos. Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."


Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa.

Paralamas: toca Vital pra Gloriosa!

Depois dum pedido daqueles, o trio não recusaria. E assim foi...

Minutos antes, falo no ouvido de Zé e Dzao, que estavam do meu lado:
-Vamos berrar ”Toca Vital”?!
Ambos me olharam com cara de “legal, mas preguiça. Berra vc”. Pois bem, a música acaba, e solto alto:
- TOCA VITAAAL!
Imediatamente, um maluco atrás reforça o coro e também berra “TOCA VITAAL”.
Berro novamente, em seguida o maluco de trás, e segundos depois uma multidão pedia:
- VITAL, VITAL, VITAL, VITAL....

Herbert olha pra Bi, que olha pra Jão... os três não hesitam:
“Vital andava a pé e achava que assim estava mal...”

E assim foi, os Paralamas tocaram Vital pra Gloriosa.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Charles Bukowski.

meu pai queria que eu fosse um projetista mecânico, mas
eu decidi ser escritor
é fácil
apenas me sento e tiro a crosta de antigas feridas e espinhas
da minha vida
até que surge algo.
quando o telefone toca e eu levanto e abaixo gentilmente o fone.
é tão fácil.
no andar de baixo minha namorada lê Scott e Zelda Fitzgerald.
“nós somos Scott e Zelda”, digo a ela.
e ela fica doida.

recebo cartas terríveis pelo correio.
as pessoas querem vir aqui e me ver.
eles mandam cartas sobre suas vidas e anexam poemas.
meu conselho para todos os jovens escritores é que parem de escrever como eu.
quero dizer, isso não vai ajudar.
os editores vão simplesmente dizer,
“nossa, esse cara escreve igualzinho ao Chinaski,
manda de volta!”

a melhor coisa na escrita é que ela nunca
te deixa mal.
pode deixar outras pessoas mal, mas não você.
tipo, você pode encontrar sua mulher fodendo seu melhor amigo
no sofá às três da manhã
e você pode correr para o andar de cima e escrever um poema e
ficar quite com os dois.

eu realmente nunca gostei de Scott ou Zelda pelo que escreveram.
era o que eles pensavam e como viviam livres.
é claro que eles conheciam Hemingway e Hemingway conhecia Miró e
Miró conhecia Picasso e Picasso conhecia Joyce e Joyce
provavelmente conhecia D.H. Lawrence e D.H conhecia A.Huxley que pensava
que sabia tudo
mas como disse, eu admirava o jeito como Scott e Zelda viviam
livres de todas as regras
e meu pai queria que eu fosse um projetista mecânico
mas me agrada mais sentar aqui e escrever
qualquer coisa que eu queira enquanto
olho para a sacada para o porto de San Pedro
é fácil
todas as crostas de feridas e espinhas valeram a pena.

Parem de ensinar gramática

Fazendo faculdade de letras, não se passa uma semana sem que uma professora de língua portuguesa não discuta os problemas do ensino, para o qual ela tem as soluções. Quem é leitor habitual aqui já sabe que eu penso que o primeiro problema é o ensino ser controlado pelo governo, por isso vou poupar o leitor. Mas parece haver, além do problema de princípio, um problema de método. Não consigo perceber qual a utilidade de se ensinar gramática nas escolas. Se os alunos tivessem que aprender latim e/ou grego, até haveria utilidade, pois o ensino de uma língua ajudaria o ensino da outra. Como isso não acontece, o aluno é obrigado a aprender um monte de regras e classificações vazias e tem pouco contato com o uso literário (isto é, melhor) da língua. De nada adianta saber a diferença entre o adjunto adnominal e o complemento nominal, ou apontar uma oração subordinada substantiva apositiva (coisa que só aprendi muito depois da escola, já que sempre abominei o estudo da gramática tanto quanto abominava a química orgânica e a física do fio sem massa e da superfície sem atrito) sem ser capaz de escrever claramente.

Notem que eu falei “claramente”, não “corretamente”. A situação hoje é muito grave. Recentemente li dois resumos de teses de mestrado, escritas pelos próprios aprovadíssimos candidatos, em que o sujeito vinha com crase, isto é, algo comparável a dizer à Maria saiu em vez de a Maria saiu. As pessoas não sabem escrever, a pontuação tornou-se totalmente esotérica, e as empresas ficam contratando professores para ensinar regrinhas de gramática. Infelizmente, o uso claro da língua é como dirigir: você não pode pensar muito, ou vai causar um acidente. Fala-se e escreve-se no dia-a-dia da mesma maneira que se calcula uma freada. Uma dose maciça de leitura comentada de Machado de Assis ajudaria mais a escrever melhor do que estudar gramática. Isso e ensinar às pessoas que existe uma coisa chamada dicionário. Não é preciso saber a regência de todos os verbos: basta consultar o dicionário, raios. Eu consulto literalmente todos os dias.

A solução, pois, é simplesmente ler e escrever muito até se impregnar do idioma. Depois de muita, muita impregnação, pode-se analisá-lo, e não é razoável supor que as pessoas já têm o domínio da língua materna. Têm-no num nível extremamente básico, de sintaxe não-padrão. Há uma canção do inefável Anjinho e seus teclados que começa com o verso “a menina que eu estou gostando dela”. A diferença entre só dizer “a menina que eu estou gostando dela” e dizer “a menina de quem eu gosto” é a mesma que há entre só poder conversar com Anjinho e seus teclados e poder conversar com Camões e Machado de Assis.

Aliás, francamente, nada seria mais eficaz do que usar o famoso “preconceito lingüístico” para ensinar português. Na hora em que as pessoas tiverem pavor de ser confundidas com um boçal que fala em agregar valor, otimizar processos e se comunica através de PowerPoint, com um pseudo-poeta que pavoneia sua ignorância da métrica, com um militante de esquerda perverso que acha que a conjugação verbal é uma invenção burguesa e, por que não?, com blogueiros que mandam “beijos no coração”, aí sim o nível da linguagem comum vai melhorar um pouco.

Mas os professores só discutem como reformar o ensino da gramática a partir das novas teorias. Admito que as novas teorias são melhores do que a norma gramatical brasileira. Falar em sintagma preposicional, argumento externo e predicador faz mais sentido, ou ao menos é mais econômico. Mas ninguém cogita abolir o ensino da gramática em nível infanto-juvenil e trocá-lo por uma impregnação do que a língua tem de melhor. Ninguém acha que é melhor escrever como Graciliano Ramos do que discutir com o professor da escola uma filigrana de classificação.

Pedro Sette Câmara (http://www.oindividuo.com/)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Esse é o Hendrix

Sobre o texto de baixo ter a ver com o texto abaixo do texto de baixo

Amo a música O Conto do Sábio Chinês do Raul!!!

Bom...”Se pá” o texto de baixo tem a ver com o texto abaixo do de baixo?
Sim e não! Mais para não!
Vamos por partes...
Sonho Lúcido é uma coisa que induz a rígida divisão entre realidade=vigília / sonho = mundo onírico, o não saber se a gente é a personagem que é no sonho ou se a gente é o que é na vida real (ou se a vida real é sonho e o sonho pode ser real) é outra coisa! Isso me lembra o grande dramaturgo espanhol Caldéron de La Barca (1600), com a sua eminente peça A vida é sonho (vale a pena ler)!
A música do Raul foi baseada na história do sábio chinês Chuang-Tsu, ele existiu - 350 a.c aproximadamente. Quando ele acordou não sabia realmente se era um homem que tinha sonhado que era uma borboleta ou se era uma borboleta sonhando que era um homem!
É como na peça do Calderón onde quando o personagem Jeppe acorda na cama luxuosa ele pensa estava sonhado que era um pobre camponês, e depois, quando acorda na vala da estrada pensa que estava sonhando que era um burguês.
Agora, em relação ao mundo onírico lúcido, o interessante não é se confundir entre duas personalidades. Um bom exemplo é a Alice, do Lewis Carroll, que tinha dúvida se sonhava suas aventuras que lhe pareciam tão reais sem nunca deixar de ser Alice (não sonhava, por exemplo, que era uma girafa, ou a Xuxa, ou, até mesmo, como o chinês, uma borboleta). Não obstante, ela crescia, diminuía, caí, esticava, comia cogumelos, e também mudava de personalidade, como ela disse ao gato que perguntou quem era ela: "Quem sou eu? Eu já não sou! mudei tanto desde hoje de manhã!!!"
O inconsciente é outra personalidade sim! Maaaas isso só está ligado com o mundo onírico lúcido se relacionarmos a música como uma metáfora para a borboleta do chinês ser o próprio inconsciente do chinês e não na crença real onde o chinês poderia realmente ser uma borboleta enquanto sonhava (e Chuang-Tsu, acreditava deveras na segunda citação, e não na metáfora).
O estudo de Carl G. Jung não tem a ver com o “não saber quem ser” do sábio chinês ou com o Jeppe de Calderón e sim com o de Alice perdida no seu mundo inconsciente: “Não há como evitar, tudo aqui é maluco!”.
E é mesmo! O abaixo do limiar da nossa consciência é tão distante do nosso entendimento que alguns psicólogos admitiam, perplexos, que falar sobre algo não tangível ao consciente seria falar sobre a existência de outra personalidade dentro do mesmo indivíduo. Em O Homem e seus Símbolos, Jung escreve que: “E estão inteiramente certos: é exatamente isso o que a existência do inconsciente implica. É uma maldição do homem esta divisão de personalidade”.
Essa divisão descreve, na verdade, Eu X Meu inconsciente e não Eu X Borboleta!