Gosto muito de composições musicais feitas em poemas esdrúxulos, ou seja, em que a última palavra de cada verso é uma proparoxítona!
Aliás, tenho certa paixão pelas proparoxítonas. Já repararam que geralmente são as palavras mais interessantes do dicionário?
E são as mais raras! Dizem que elas fazem parte de aproximadamente 15% da totalidade das palavras que usamos. Será que é verdade?
Vejamos: nesse monte de palavras quantas delas há?
Esdrúxulos, última e proparoxítona!
Três! Só três! Acho que são até menos que 15%!!!
Mas isso já é outra história, comecei falando sobre composições musicais em versos esdrúxulos e era sobre isso que eu queria falar:
Avarenga e Ranchinho, com a música O Drama de Angélica;
O grande Chico Buarque, com a música Construção;
E Skank, com a música Formato Mínimo.
Eis um pequeno trecho de cada uma delas:
O Drama de Angélica:
“...Poesia épica,
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica,
Com rima rápida
Amei Angélica,
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos...
Em noite frígida,
Fomos ao lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre
Soprava o zéfiro,
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática...”
Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima...”
E agora que vem um grande mistério! É o seguinte: vejam a música esdrúxula do Samuel Rosa:
Formato Mínimo:
“Começou de súbito
A festa estava mesma ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima
Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo
Os lábios se tocaram ásperos
Beijos de tiram o fôlego
Tímido transaram trôpegos
E a ávidos gozaram rápido...”
E por aí vai. Não vou escrever a música toda. A coisa quente está no final:
“Para ele uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão a rúbrica”
Rúbrica??? Isso não existe! O certo é ruBRIca! NÃO tem acento e é uma PAROXÍTONA!
Eis o mistério: Samuel Rosa não sabe disso ou escreveu errado por alguma razão especial????
E porque será que as proparoxítonas são tão raras e interessantes?
Ou vocês não acham?
(Paula Cicolin)
10 comentários:
o samuel rosa deve ter feito isso intencionalmente
não que eu tenha achado bom...mas ele ou algum amigo dele deve saber o certo
nunca ouvi uma musica prestando atenção nisso, tambem nunca levei muita fé no samuel, mas como o lucas disse:
"o samuel rosa deve ter feito isso intencionalmente
não que eu tenha achado bom..."
Certo! Tbm acho!
Mas qual foi a intenção dele em fazer isso? Deve ter alguma, ou não?
Não deve ser só porque estava procurando uma proparoxítona para encaixar e, não encontrando, "inventou", “deu um jeitinho”.
Já pensei em uma possibilidade. É a seguinte: O moço da música devia ser um cara "burro" (não burro, mas bem sussa com a gramática) e a moça uma "intelectual". A prova está no trecho: "Ele reparou nos óculos/ Ela reparou nas vírgulas". Então no último trecho ele expressa o pensamento de rapaz, que, por ser "ignorante" pensava que o certo era rúbrica e não rubrica. Pode ser que seja isso, ou viajei?
Ahh....E porque "Não que eu tenha acho bom"... Eu acho a música boa!!!!! Gosto do Samuel, ele não é um Chico Buarque, eu sei. Mas é bem federal sim!!!!!
auhuahuhauhauh
acho o samuel meio engraçado
deve ser isso mesmo que a paula falou, mas eu nem curto o muito samuel
hum... sera q os oculos eram daqueles de cachorra?
Eu curto ele!
Samuel é engraçado sim!
Tenho uma prima que tem a cara igual a dele! kkkkkk
q prima?
eu nao tenho nenhuma
Eu acho que ele já tava com preguiça no final do processo criativo!!!!
A Nina!!!!! Não parece?????
Eu acho igual!
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