quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Razão

Olá, amigos da UG!

Encontrei um antigo blog meu que eu perdi a senha faz tempo.
Achei uns textos até que legalzinhos no meio de muitas torbices... Alguns até me deu saudade da pessoa que eu era.
Se quiserem, deêm uma olhadinha lá: http://semprepaula.blogspot.com/

Gostei um pouquinho desse texto:

Razão

"Cada medo sem sentido, cada coisa sem razão, cada sono que persegue, é razão.Cada caco de vidro, cada memória traiçoeira, cada raiz quadrada em regras de pontuação, cada sentimento lépido e griz de melancolia profunda, cada certeza de nada, cada razão sem razão. É razão?Ou são razões?Cada amor, cada paixão platônica, cada machucado na unha, cada estrela cor de amora no céu, cada som de automóvel sem farol, cada sentimento de culpa por existir, é razão.Cada razão sem razão, é razão. Cada gato preto e sem pé, cada pé sem gato preto sem gato, cada alucinação de moscas, cada matéria e cada espírito de porco, cada sangue e cada rosário, cada religioso e cada ateu, cada música e cada baixaria, cada poeta ébrio na esquina de cada lado de cada quarteirão de cada planeta com e sem vida. Cada mente sã e sem razão é razão sem razão.A própria razão é razão sem razão.Cada fantasia fora do lugar, cada pessoa fora do lugar, cada mente fora do lugar.Uma garota pífia fora do lugar, e várias letras fora do lugar, e tanta inspiração sem inspiração clamando pela razão sem razão.E cada corte com sangues invisíveis, e tantos anjos bigorrilhas voando em terra de maléficos, cada sonho onírico e cada sonho utópico sem órbita nem direção laçada em pensamentos. E tudo espaça em forma de razão sem sentido algum e obviedades já traumatizada precisando robustecer-se.Cada cheiro de suores de flores queimadas por álcool de cerveja cintilante. Em cada saco sem fundo e momentos sem movimentos. Cada membro amputado por cada deputado dilacerado por razões sem razão.Cada razão benévola, cada razão neutra, cada razão sobrenatural, cada razão maltrapilha, cada razão poluída, cada razão pornográfica, cada razão cristalina, cada razão escura e retinta, cada razão dadaísta, cada razão segura, cada razão tímida mas travessa, cada razão colorida e cada razão branca e preta, cada razão imparcial.Razões imorais e razões amorais: A razão é a palavra da razão.Em cada labirinto manchado por vômitos e franzidas por poemas de poetas mortos e heróis inexistentes. Em cada alguém de cada ninguém. Sempre na razão de quem não tem, se ninguém tem.Cada razão perpétua....A razão não tem razão, só razão".

(Paula Cicolin, Janeiro de 2006)

Um abraço!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

Papai Noel existe?

Será que papai-noel existe?
Para responder a esta cruel indagação que tem nos acompanhado durante anos, temos os seguintes fatos:
Existem no mundo cerca de 2 bilhões de crianças ( i.e., pessoas com idade entre 0 e 18 anos) no mundo. PORÉM, dado que Papai Noel não tem sua crença entre as crianças muçulmanas, hindus, judias e budistas (para não falar de um sem-número de outras religiões não cristas), temos nosso universo reduzido para 15% deste total, isto é, 378 milhões de pessoas, segundo o US Population Reference Bureau. Supondo que há uma media de 3,5 crianças por lar (segundo o último censo), nós temos 91,8 milhões de lares.
Podemos supor, sem medo de errar, que pelo menos uma criança por lar acredita em papai noel. Devido aos diferentes fusos horários e à rotação da terra, Papai Noel tem 31 horas, no dia de natal, para executar seu trabalho, supondo que ele viaja de leste para oeste (o que seria mais lógico) Isto nos dá 822,6 visitas por segundo. Resumindo, para os que não conseguiram acompanhar nosso raciocínio, para cada lar cristão, com uma criança que crê em Papai Noel, ele tem aproximadamente 1/1000 segundos para: estacionar, pular a cerca ou o muro, escalar a casa, descer pela chaminé (quando for o caso), encher as meias das crianças, eventualmente comer alguma coisinha, depois subir pela chaminé (pressupondo que ele a utilizou para entrar) pegar o seu trenó e partir para a casa seguinte. Supondo, para simplificar, que os 91,8 milhões de lares são uniformemente divididos no globo (isto não corresponde a verdade, mas o cálculo exato levaria a horas de simulação) isto nos dá 1,25 quilômetros por lar a visitar, totalizando uma viagem de 120 milhões de quilômetros.
Isto quer dizer que o trenó de papai noel se desloca a uma velocidade de mais de 1000 quilômetros por segundo, ou seja, 3000 vezes a velocidade do som. A titulo de comparação, o veiculo mais rápido jamais construído pelo homem, a sonda espacial Ulisses, tem uma velocidade de míseros 44 quilômetros por segundo. vale sempre lembrar que uma rena normal consegue alcançar a velocidade de 25 quilômetros POR HORA!.
A carga do Trenó pode fornecer também pistas importantes a nossa investigação. Supondo que cada criança ganhará uma caixa media de LEGO (marca registrada), o peso útil da carga do trenó seria de 321 300 toneladas!. Isto sem contar o próprio Papai Noel, invariavelmente descrito como obeso. Uma rena normal (que não voa) pode puxar mais ou menos 150 quilos. Mesmo supondo que uma " rena voadora " possa puxar DEZ VEZES esta carga, papai noel não poderia se contentar com apenas 8 ou 9 renas voadoras: seriam necessárias 214 200 renas voadoras. Com isto aumentamos a carga, sem contar o peso do treno, para 353 430 toneladas. Mais uma vez, a titulo de comparação, este numero representa 4 vezes o peso do navio Queen Elizabeth.
Ainda, 353 000 toneladas viajando a mais de 1000 quilômetros por hora implica numa enorme resistência do ar - isto queimaria as renas voadoras da mesma maneira que queima um foguete quando da reentrada na atmosfera. Deste modo as duas renas da frente deveriam absorver uma energia de 14,3 quintilhoes de joules, por segundo, cada uma. Logo elas se evaporariam em chamas, quase que instantaneamente. As renas seguintes teriam o mesmo destino. Isto tudo provocaria um ruído supersônico ensurdecedor. O desaparecimento total de todas s renas levaria apenas 4,26 milésimos de segundo. Durante este tempo, papai noel seria submetido a uma forca centrifuga de 17500,06 G. Um Papai Noel de 125 quilos (obeso) seria colado ao fundo de seu trenó por uma forca equivalente de 2 157 507 quilos.
CONCLUSÃO: Papai Noel não existe, e se um dia tivesse existido, teria virado carvãozinho. C.Q.D.

Esse mexicanos são uns loucos ou...

Ou alguém andou fugindo lá daquela escola do Harry Potter?

http://www.reporternet.jor.br/bruxa-voa-no-ceu-do-mexico

Vejam isso!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


"Compro, logo existo"

Templo de culto à mercadoria, o modelo do shopping center, como o conhecemos hoje, nasceu nos Estados Unidos na década de 1950. São espaços privados, objetivamente planejados para a supremacia da ação de comprar. O que se compra nesses centros, contudo, é muito mais do que mercadoria, serviços, alimentação e lazer. Compra-se distinção social, sensação de segurança e ilusão de felicidade e liberdade.

O shopping center é um centro de comércio que se completa com alimentação (normalmente do tipo fast food), serviços (bancos, cabeleireiros, correios, academias de ginástica, consultórios médicos, escolas) e lazer (jogos eletrônicos, cinema, Internet). Ali o consumidor de mercadorias se mistura com o consumidor de serviços e de diversão, sentindo-se protegido e moderno. Fugindo de aspectos negativos dos centros das cidades e da busca conjunta de soluções para eles, os shopping centers vendem a imagem de serem locais com uma melhor “qualidade de vida” por possuírem ruas cobertas, iluminadas, limpas e seguras: praças, fontes, boulevares recriados; cinemas e atrações prontas e relativamente fáceis de serem adquiridas – ao menos para os que podem pagar. É como se o “mundo de fora”, a vida real, não lhes dissesse respeito...

O que essa catedral das mercadorias pretende é criar um espaço urbano ideal, concentrando várias opções de consumo e consagrando-se como “ponto de encontro” para uma população seleta de seres “semiformados”, incompletos, que aceitam fenômenos historicamente construídos como se fizessem parte do curso da natureza. O imaginário que se impõe é o da plenitude da vida pelo consumo. Nesses espaços, podemos ocupar-nos apenas dos nossos desejos – aguçados com as inúmeras possibilidades disponíveis de aquisição. Prevalece a idéia do “compro, logo existo”.

Concluímos que esse mundo de sonhos que é o shopping center acaba reforçando nas pessoas uma visão individualista da vida, onde os valores propagados são todos relacionados às necessidades e aos desejos individuais – “eu quero, eu posso, eu compro”. Assim, colabora para uma deterioração do ser social e o retardamento do projeto de emancipação de seres mais conscientes, autônomos, prontos para a sociabilidade coletiva – que exige a capacidade da troca desinteressada, da tolerância, da relação verdadeiramente humana entre o eu e o outro, entre iguais e entre diferentes. Compreendemos que um ser social emancipado identifica as necessidades individuais com as da coletividade, sem colocá-las em campos opostos.

O shopping center híbrido representa hoje o principal lugar da “sociedade de consumo”, contribuindo para a sacralização do modo de vida consumista e alienado, um modo de vida em que há uma evidente predominância de símbolos como status, poder, distinção, jovialidade, virilidade etc. sobre a utilidade das mercadorias. O que se pode concluir é que o sucesso da fórmula atual do shopping center híbrido como lugar privilegiado para a realização da lógica consumista traz consigo o fracasso da plenitude do ser social, distanciando-o de qualquer projeto de emancipação e de humanização do ser humano. Como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade [1902–1987] no poema Eu, etiqueta: “Já não me convém o título de homem./ Meu nome novo é coisa./ Eu sou a coisa, coisamente.”

(Adaptado de PADILHA, Valquíria. A sociologia vai ao shopping center. Ciência Hoje, mai. 2007, p. 30–35.)
"Dá uma sacada no mundo ao teu redor, Stock. Não existe mais rebeldia, bicho! Não existe mais rock n' roll, Jimi Hendrix morreu, John Lennon foi assassindo e meu filho quer ser economista."

(Wood e Stock)

domingo, 16 de dezembro de 2007

Bortolotto

Tô doente e meu humor não anda bom. Então, insone e rabugento, resolvo assistir o Programa do Jô. É claro que meu humor não vai melhorar.

Então vejamos. O Jô Soares entrevistou a Mel Lisboa. Pelo pouco que conheço, gosto dela. É uma garota tranqüila. Participou da montagem de um texto meu no Rio de Janeiro. Uma montagem feita na base da brodagem, sem grana, etc. Mas na entrevista ela não falou muita coisa. A Fernanda D'Umbra escreveu um post no blog dela (com link aqui) falando sobre o fato das atrizes não serem exatamente levadas a sério em uma entrevista.

Vendo a entrevista da Mel, tenho que concordar com a Fernanda. O Jô só ficava falando o quanto ela era bonita e querendo saber sobre as fotos da Playboy. Na real, não conheço intimamente a garota e não sei se ela tinha algo realmente importante a dizer, mas o que eu sei é que o entrevistador não ajudou em nada. Assim fica difícil. Quero ver a hora que uma atriz tiver a manha de dizer algo do tipo: “Ok, você já falou como eu sou bonita. Agora que tal me fazer alguma pergunta decente?”

Mas isso é típico do Jô. Quando vai um rockeiro lá, ele só fica querendo saber das tatuagens do cara ou do corte de cabelo excêntrico. Acho que o cara também tinha que ter a manha de dizer: “Tá legal, cara. Agora que tal a gente falar um pouco da minha música?” Desse jeito fica difícil.

Mas voltando a entrevista da Mel, ela disse que suas fotos na Playboy foram inspiradas na interpretação que Ornella Mutti fez da personagem Cass no filme Crônica do Amor Louco baseado na literatura de Charles Bukowski. Ela não disse exatamente tudo isso. Eu que tô dizendo.

Mas, enfim, não é isso que eu quero falar. O que acontece é que aí o Jô colocou uma cena do filme no telão e demorou pra reconhecer o filme. Sei lá, acho que o ponto dele tava dormindo. O que eu acredito é que quanto mais o sujeito ganha dinheiro, menos tempo ele vai tendo pra procurar se informar. Porra, o filme é um clássico. Pra mim, é a mesma coisa que passar uma cena de Gene Kelly dançando com o Guarda-Chuva e o figura não reconhecer de que filme se trata. Desculpa aí.

E aí ele entrevistou o Celso Frateschi (nosso secretário de Cultura). Eu não sou exatamente o mó entusiasta do trabalho que o Celso vem fazendo na Secretaria, mas o Jô podia ter deixado o cara falar um pouco. Parece que o Jô tava perturbado com um patrocínio que ele perdeu, sei lá. E aí chamou o Secretário e ficou monologando. Chato pra caralho.

E não esquecer que antes o Jô fez questão de dizer que a Maria Adelaide Amaral tinha dito que o Celso era um excelente ator. Na boa, o Jô devia ir mais ao teatro. O Celso é realmente um excelente ator, mas já tá há um tempão na estrada. Como é que um cara que se diz tão informado quanto o Jô nunca viu um trampo do Celso? E olha que o cara ainda faz TV de vez em quando. Será que o Frateschi tem que mandar um video book com o trabalho dele pro programa do Jô?

E aí ele entrevistou um cara que escreveu um livro sobre o Elvis Presley. No final, Mr. Jô fez questão de fazer sua análise sobre o trabalho de ator de Elvis deixando claro que o Rei do Rock como ator era muito ruim. Mas não conseguia falar nenhum nome de filme que o Elvis fez. E na hora que passou o trechinho de um no infalível telão, era justamente um filminho bobo (Girls, Girls, Girls), com Elvis dançando com uma garota, me parece que mais numas de mostrar o quanto o apresentador estava certo. Porra, sabe que eu não acho o Elvis realmente um grande ator.

Mas o cara tinha carisma. Com um pouco mais de trabalho e fazendo os filmes certos eu acho que o Elvis levava jeito. Os primeiros filmes são bem legais. Jô não conseguia lembrar de nenhum. Acho que ele só viu a fase do Hawaii que é tudo a mesma merda. Bem, então lá vai, vou fazer o trabalho que o ponto do Jô devia ter feito: Love Me Tender, Loving You, Jailhouse Rock e o ótimo King Creole, com direção de Michael "Casablanca" Curtiz. Ainda teve o bom Flaming Star, citado pelo escritor no programa do Jô e logo repudiado pelo apresentador.

E o mais engraçado é ver que essa análise é feita justamente por um cara que apresenta um programa de entrevistas mas fala mais que o entrevistado. É comediante, mas não tem a menor graça. Alguém ri daquelas piadas que ele conta no começo do programa? Diz que é artista plástico (caramba). Escreve uns livros ruins pra cacete. E aí, Mirisola, quando é que você vai falar da literatura do Jô? Esquece o Chico Buarque um pouco e redireciona sua artilharia. O cara tá merecendo. Daqui há pouco ele também ganha algum premio que devia ser seu. Toca trompete, mas convenhamos, toca mal pra caralho. Só mesmo contratando uma banda pra tocar com ele.

Lembro de uma entrevista com o João Donato e o Jô insistindo que o João tocava um determinado instrumento (não me lembro se era sax). O João, grande músico que é e em sua simplicidade retrucou: "Não, Jô. Eu não toco, não. Quer dizer, toco assim, como você toca trompete. Nada sério". O clima de constrangimento foi um show à parte. Não é por nada não, mas tá difícil assistir o programa do cara.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Definição do píncaro do desespero

Para que serve a vida e o que vou fazer com ela? Não posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que desejo. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. Mas por que eu quero? Quero sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. Mas sou terrivelmente limitada. Contudo, não sou incapaz, cega e estúpida. Tenho muita vida pela frente, mas inexplicavelmente sinto-me triste e fraca. No fundo, talvez se possa localizar tal sentimento em meu desagrado por ter que escolher entre tantas alternativas. As pessoas são felizes --- se isso quer dizer contentar-se com seu quinhão: sentir-se confortável como o pino redondo complacente que se insere num orifício circular, sem arestas incômodas ou dolorosas --- sem lugar para reflexões e questionamentos. Não me contento! Pois meu quinhão é limitador, como o dedo de todo mundo. As pessoas se contentam; acabam por se dedicar a uma idéia; as pessoas “se encontram”. Mas o próprio contentamento que vem de você se encontrar é obscurecido pela constatação de que, ao fazê-lo, não só se admite ser esquisita, mas um tipo específico de esquisita.

(Sylvia Plath - Julho de 1953)

A união civil entre pessoas do mesmo sexo

Sem a menor dúvida, e com urgência, a união civil entre pessoas do mesmo sexo deve ser reconhecida por lei. É preconceito inescrupuloso privar homossexuais de qualquer que seja a lei que é vigente ao heterossexual, pois, independente da escolha sexual, todos somos cidadãos, e, portanto, devemos usufruir exatamente dos mesmos direitos e deveres.
Todos os argumentos não favoráveis a essa legalização são infundados, pois se fundamentam em premissas que estão intrínsecas apenas ao vigente conservadorismo misoneísta que insiste em tarjar como patologia o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, que é uma ocorrência genuinamente natural.
O conservador discursa que, se o casal homossexual adotar uma criança, a mesma poderia desenvolver problemas no desenvolvimento psicológico. Em primeiro lugar, isso não é verdade, a psicologia garante que se os papéis masculinos e femininos estiverem bem definidos, independente se o casal for do mesmo sexo ou não, a criança tem todas as condições de desenvolver-se equilibradamente. Mas, em segundo lugar, mesmo que isso trouxesse algum problema para a criança, o que é absolutamente uma inverdade, então deveriam também existir leis para proibir qualquer tipo de união entre casais que poderiam dar uma educação ineficiente ao filho, como, por exemplo, uma lei que proibisse a união entre casais em que um dos integrantes fosse alcoólatra.
Há ainda os argumentos que adoção de crianças por casais do mesmo sexo faria aumentar o número de gays na sociedade. Além de esse pensamento seguir uma linha errônea, pois, se fosse real nenhum casal heterossexual produziria filhos homossexuais, o que testemunhamos que não é o que acontece, isso demonstra que há homofobia, porque, mesmo que fosse verdade e que isso ocorresse, não haveria razão para tal temor da ocorrência. Que problema traria para a sociedade o aumento do número dos homossexuais?
Todos os discursos contra a legalização dessa lei demonstram apenas homofobia e misoneísmo. Independente de se investir na tentativa, infelizmente utópica, de eliminar a homofobia e o conservadorismo que rege a sociedade, é preciso reconhecer, com o máximo de urgência possível, que, independente da escolha sexual, é preciso dar ao cidadão todo e qualquer direito que ele mereça.
"A vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que coisa? Um homem tão sério metido nessas malandragens."

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

domingo, 9 de dezembro de 2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Quando era criança, minha mãe me ensinou a respeitar os limites dos outros. Eu aprendi por conta própria a desrespeitar os meus. No colégio eu era sempre um dos melhores alunos da classe até passar a desconfiar do que me ensinavam por lá. Então passei a ser apenas o cara que tirava a nota exata pra não reprovar. As pessoas se esqueceram de mim e eu conseguia me manter discreto e me dar ao luxo de não pensar mais neles. Eu cresci e percebi que todas as pessoas bem sucedidas estavam dispostas e abertas a negociações. Então entendi que jamais jantaria no mesmo restaurante que eles. Minhas opções e convicções me transformaram num sujeito triste na maior parte do tempo. Então decidi que não ia tentar persuadir mais ninguém. Fico apenas desse lado da janela olhando as pessoas dançando felizes do lado de lá. Viro as costas para elas com a certeza de que o lado de cá pode até não ser o mais divertido, mas é o lado que escolhi estar. E a possibilidade de escolher não é pra qualquer um.

Bortolotto

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Beirando com proparoxítonas

Aproveitando a lógica
De forma sempre rápida
Marchando em passos rígidos
Cantando como um bêbado

Errante feito um pássaro
Gigante feito um príncipe
Sonhando como um tímido
Chegou a ser um Cônego

de hora em hora o sbt informa o resultado parcial da telesena

Silvio Santos incentiva o pagamento em dia do seu carnê!

6.1. Todos os clientes portadores do carnê de mercadorias do Baú da Felicidade e aqueles que vierem a adquiri-lo no período da promoção, que tenham pago pelo menos a segunda prestação e que estejam em dia com as demais, poderão participar desta promoção[...]


"Vidro moído ou areia no café da manhã e um sorriso nos
lábios
Ensopadinho de pedra no almoço e jantar e um sorriso
nos lábios
O sangue, o roubo, a morte, um nego em cada jornal e
um sorriso nos lábios
Noventa e cinco sorrisos suando na condução e um
sorriso nos lábios...
Mas sonha que passa
Ou toma cachaça
Agüenta firme, irmão, na oração
Deus tudo vê e Deus dará
Ou então acha graça
É tão pouca a desgraça
Mas no fim do mês lembra de pagar a prestação"

Gonzaguinha

denegrir

trata-se de um vocábulo preconceituso?

eu pinto porcelana,

Jânio Quadros

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Secretaria de Estado da Cultura promoveu o Concurso de Poesia Helena Kolody.

o poema vencedor:

a língua

ela disse (com os olhos)
“pode olhar”
(porque as mulheres conseguem falar com os olhos –
antes de conhecer as mulheres eu não sabia que os olhos falavam)
e se mexeu daquele jeito, com aquele vestido que parecia uma língua
porque não era um vestido, era uma língua
lambendo aquele corpo daquele jeito só podia ser uma língua
(eu nunca imaginei que uma mulher pudesse vestir uma língua)
e fiquei com vontade de ser vestido
porque aquele vestido estava lambendo aquela mulher
(graças a Deus eu conheci as mulheres: minha vida mudou depois disso)
e quando ela olhava para trás
daquele jeito que eu aprendi que só as mulheres conseguem fazer
(eu não sou muito perspicaz, mas aprendo ouvindo e vendo)
eu me sentia mal
é, eu me sentia mal, porque eu não sabia o que fazer
(só os atores de Hollywood sabem o que fazer numa situação dessas, daquelas,
e eu não sou ator de Hollywood)
eu sou apenas um cara que quer ser língua
quero dizer
vestido
pra poder lamber as mulheres
só isso
minha ambição é ser vestido
se é que posso chamar de ambição
porque ambição requer – pode-se usar requer? – algo mais
ambição requer ambição
tipo aquele bicho que come o próprio rabo
(isso eu não aprendi com a mulheres, aprendi na escola mesmo)
mas pensando bem (porque as mulheres gostam de homens que pensam)
talvez eu tenha entendido mal
(porque eu aprendi a ler os olhos recentemente)
quem sabe ela estivesse apenas, como direi,
talvez ela estivesse apenas à vontade
daquele jeito que só as mulheres sabem ficar
à vontade
(se existe uma coisa que ambiciono – olha ela, a ambição, de novo -,
é saber relaxar como a mulheres)
mesmo quando estão com uma língua
principalmente quando estão com uma língua
(porque não é fácil estar com uma língua,
quem já conversou com alguém sabe do que estou falando)